quinta-feira, 26 de maio de 2011

Livros, livros e mais livros

No post anterior, falei sobre o livro de Nelson Motta sobre Tim Maia. Se derramei tantos elogios, foram insuficientes. Digo isso porque alguns livros que já comprei lendo apenas a sinopse são verdadeiros micos pretos. Chatíssimos, embora o assunto seja excelente. Mas a culpa é de quem o escreveu.
Aconteceu isso com Europa Saqueada, da historiadora Lynn Nicholas. O tema é fabuloso: o roubo de obras de arte pelos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial.
Impressionante como a narrativa de arrasta. Ah!, ela é historiadora, dirão alguns. Não sei se é isso. Acho que a pessoa, para escrever um livro (sobretudo um desses, que é um verdadeiro compêndio), deve ter na cabeça que se não tiver uma prosa que prenda, o leitor não chega ao final. Li livros "que ficavam de pé", como diria a mãe de Raquel de Queiroz, numa sentada só. Outros são duros de serem levados até o final.
Atualmente, estou lendo dois que não são exatamente fininhos. A biografia de Keith Richards, o sócio de Mick Jagger nos Rolling Stones, e um sobre entrevistas que um psiquiatra fez com os criminosos de guerra nazistas durante o julgamente de Nuremberg. Não há ninguém que discorde que tanto um quanto outro são de assuntos interessantes.
O de Richards, cujo título é simplesmente Vida, é ótimo. E olhe que estou na parte em que os Stones ainda estão taxiando rumo ao estrelato. Dá um panorama interessante dos tempos pré-Swinging London, quando os Yardbirds ainda não existiam totalmente, o Cream não era sequer projeto - Led Zeppelin e Deep Purple, nem pensar. Eram anos de formação de todas aquelas grandes bandas que viriam explodir no final dos anos 60. E, curiosamente, Richards nem é tão engraçado assim.
O outro livro, As Entrevistas de Nuremberg, é de Leon Goldensohn, que conviveu durante meses com os criminosos nazistas. É ruim, arrastado, monótono. Tudo bem que ele era psicólogo, não jornalista, e que não conseguiria arrancar muito daqueles caras que estavam fechados em copas e que, pouco depois, seriam em boa parte enforcados. Mas Goldensohn parece não saber por onde começar, mesmo sendo judeu, militar e já sabendo das atrocidades dos campos de concetração. Impressiona como aceita, sem contestar, a culpa que todos os criminosos jogam sobre Hitler, Himmler e Bormann. Impressiona também como tenha conversas longas com alguns deles (como Goering) e curtíssimas com outros (como Doenitz).
Não acredito que as conversas mais longas sejam porque os mais culpados tinham mais a dizer que os menos - o Doenitz ou Speer, quer também teve breve registro, escaparam da forca em Nuremberg. Acho que faltou assunto mesmo ou técnica para arrancar algo de figuras talvez monossilábicas.
O livro é um bom documento, mas fracassa quando se propõe a expor a alma daqueles criminosos. Queria saber mais sobre o roubo de obras de arte por Goering, a sucessão de Haydrich por Kaltenbrunner, a questão da Polônia por Hans Frank ou a campanha antissemita por Streicher. Para mim, ficou faltando.

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