quinta-feira, 2 de junho de 2011

E tudo piorou

Não desapareci porque nada tinha a dizer, como podem pensar meus até agora inexistentes seguidores, mas porque estive ocupado com outras demanadas. Agora que o tempo clareou, posso voltar ao meu passatempo principal, que é o de comentar as andanças da política pátria. E entre o último post e este piorou muito a situação do ministro Antônio Palocci.
Ele já estuda se pronunciar para explicar o vertiginoso aumento patrimonial entre a vitória da presidente Dilma e a posse, em 1º de janeiro. Não creio que um pronunciamento vá ajudá-lo em coisa alguma: vai dar as explicações que tem dado, embora - ressalte-se - pela primeira vez aparecerá para tratar do assunto em público. A menos que explicite a lista dos seus clientes na Projeto, será mais do mesmo. Já se pode até prever as repercussões: os aliados dizendo que o ministro agiu de forma precisa e transparente e os adversários afirmando que não há qualquer novidade naquelas palavras.
A temperatura, portanto, tende a se manter alta. Mesmo porque, já há um grupo de petistas dizendo claramente que Palocci deve pegar o caminho de casa. Por quê? Simples: acham que o ministro está a dar um abraço de afogado no partido, que obrigará a presidente a conceder mais do que concedeu aos aliados para tentar estancar a sangria. Isso, evidentemente, representa diminuição do espaço do PT no governo, embora não ande um único milímetro para trás. Os demais é que andarão para frente.
Quem está achando que Palocci deve ir embora é a corrente Movimento PT, que conta com ilustres figuras, dentre as quais o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) e o governador Tarso Genro (RS). Ainda que não seja a facção majoritária no partido, o raciocínio tem alto potencial destrutivo. Afinal, fica claro que os petistas não estão coesos em torno do ministro-chefe da Casa Civil. E se o partido não está, o governo menos ainda.
Estudou-se até a hipótese de Palocci convocar uma coletiva, algo que acho para lá de improvável. Seria colocar o capuz na cabeça à espera do empurrão alçapão abaixo. O ministro, que desde o episódio Francenildo, evita a imprensa como o gato evita a água, ficaria diante de um pelotão de repórteres ávidos por perguntas que ele não conseguiria responder. Tática suicida costuma dar péssimos resultados e Palocci não tem vocação para kamikaze.
A oposição, por sua vez, mais uma vez parece deitada em berço esplêndido. Somente aqueles que esperneiam é que continuam na incansável tarefa de desgastar o ministro. Outros, como o senador Aécio Neves, teria dito a interlocutores de Dilma que aos adversários do governo não interessa a queda de Palocci. Falou por si mesmo, certamente, pois tal observação vai na direção oposta à convocação do chefe da Casa Civil, em manobra urdida pelo DEM, na Câmara dos Deputados.
Por fim, também de pouco adianta a presidente emitir sinais de que não deseja tirar Palocci de onde está. Essa decisão não pertence mais a ela. Com a situação piorando e com a iminência de o ministro não falar nada sobre coisa alguma, a pressão continuará subindo e a temperatura da fritura também. E quando chegar ao ponto de ebulição, as circustâncias dirão à presidente que é hora de rifá-lo. Porque estará em jogo a preservação do governo.

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