domingo, 5 de junho de 2011

Para-raios de confusão

Existe uma expressão da qual gosto muito para identificar uma passoa enrolada, que quanto menos tenta, mais se enreda em tramas inexplicáveis: para-raios de confusão. O "confusão" aqui é por minha conta, porque, na verdade, dá vez a um palavrão. Mas isso é o de menos e pouco importa. O que importa é a capacidade do ministro Palocci em atrair lambanças.
De inúmeros imóveis em São Paulo, conseguiu alugar exatamente o de um sujeito cujos esbarrões com a Justiça o tornam no mínimo um estalionatário. A firma locadora do apartamento de Palocci não funciona no local dado como seu endereço, já mudou de razão social, sem contar que o dono do imóvel tem um histórico que o liga até mesmo a uma antiga máfia de adulteração de combustíveis. Além disso, incluiu filho e sobrinho nos negócios, manobra própria de quem não pode ter coisa alguma no próprio nome.
Poderão até dizer que Palocci entrou nessa de gaiato, mas fica difícil acreditar. São Paulo é uma cidade com inúmeras imobiliárias, algumas delas imensas, que gostariam de ter o ministro como cliente. Certamente apresentariam outros apartamentos em Moema, com suas ruas de nomes de pássaros. Impressionante o dedo podre do ministro, a atração que tem pelo malfeito, pelo complicado. Ainda que ele tenha todos os comprovantes do aluguel guardados e possa mostrá-los a qualquer momento.
Aqui entra apenas uma ilação da minha parte, mas creio que faz todo o sentido. O ministro, querendo alugar um imóvel de bom porte em Moema, comentou sobre isso com alguém da campanha da presidente Dilma. Alguém incumbido de cuidar da logística - carros, casas, cabos eleitorais, panfletos, banners etc. Geralmente tais imóveis pertencem a gente amiga, que nessas horas vê sempre a possibilidade de alugar (e tirar proveito) por dois xis algo cujo preço de mercado seria apenas xis. Paga mais caro de propósito, porque campanha virou um vetor de enriquecimento de quem nela participa. Arrecadação e sobras já deram até rompimento de amizade no governo Fernando Henrique Cardoso.
Como muita coisa na campanha não se controla, sobretudo a idoneidade das pessoas, Palocci chegou por intermédio de alguém próximo ao apartamento que sua família ocupa hoje. Não há crime algum, apenas a triste constatação de que o ministro mantém conexões com pessoas que têm conexões de natureza suspeita. E isso é péssimo. Não se espera que em campanha política todos sejam coroinhas e filhos de Maria. Ruim é quando isso vem à tona e expõe mais um nervo do ministro, que vai de mal a pior.

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