quinta-feira, 14 de julho de 2011

Ora, tornem-se governistas

Quando a oposição afirma que vai endurecer o jogo no segundo semestre, causa-me, como diria Nelson Rodrigues, frouxos de riso. Tal afirmação é bem própria de quem não tem discurso, não tem projeto e não tem perspectiva. Se depender da oposição, o governo Dilma pode ficar tranquilo, pois nada provoca tanto estrago quanto a base aliada.
Não foi uma denúncia do DEM ou do PSDB que abriu a crise que se abateu sobre o Ministério dos Transportes, como de resto não foi de qualquer partido da oposição qualquer das crises enfrentadas por Dilma até agora. O fogo amigo tem sido o pior adversário do Palácio do Planalto, disparado por grupos de insatisfeitos. Todos eles estão plenamente identificados, porém, como fazem parte da base aliada, fica difícil mandá-los plantar batatas.
Quem vazou denúncias de uso errado de diárias de viagem pela ministra Ana de Hollanda (Cultura) foram setores do PT interessados na sua vaga. Da mesma forma que as conexões de Antonio Palocci, as peraltices de Pedro Novais e as armações de Alfredo Nascimento saíram das hostes petistas e peemedebistas. Esses mesmos partidos que, dias atrás, celebraram com um enorme bolo o casamento de conveniência que já ultrapassa dois pares de anos. E vão continuar se esfaqueando pelas costas por ainda mais tempo, até que o PMDB vire a casaca porque a oposição tem um candidato capaz de se opor à máquina governista azeitada pelo PT.
DEM e PSDB, os dois principais partidos adversários do governo – não incluo nessa conta PPS ou PSOL, que não têm a mesma capilaridade –, vêm de erro em erro desde que não conseguiram derrubar Lula, no escândalo do mensalão. Ali perderam a chance de pavimentar a volta ao poder quando fecharam um pacto de não-agressão em favor de uma suposta governabilidade. O PT, alquebrado pelo monte de provas que se avolumavam na CPI, apelou para a falácia do vácuo de poder, algo que, em tese, não seria do interesse de ninguém.
Naqueles dias, pensava-se que o PT estava pensando no Brasil, assim como democratas e tucanos acreditavam estar agindo com um desprendimento que lhe renderia votos na disputa eleitoral de 2006. Nem uma coisa, nem outra. O governo Lula entregou algumas cabeças, recobrou o fôlego e veio com tudo para a reeleição. Já DEM e PSDB jogaram as fichas em Geraldo “Picolé de Chuchu” Alkmin, que entrou na corrida para ser cristianizado e conseguiu ir para o segundo turno pela falta de méritos dele e do seu oponente. Ganhou quem tinha o discurso menos pior.
No segundo mandato, teve até oposicionista fazendo juras de amor ao presidente reeleito – caso de Eduardo Paes, que abandonara o PSDB e entrara no PMDB para poder utilizar a máquina de Sérgio Cabral Filho e se eleger prefeito do Rio de Janeiro. Esse foi o caso mais eloquente, mas teve governador que todo o tempo contemporizou com o Palácio do Planalto em busca da própria sobrevivência. Seu nome: Aécio Neves, eleito senador e considerado um dos mais civilizados (leia-se dóceis) adversários do governo.
Nem mesmo José Serra conseguiu rugir de forma que assustasse Lula e sua gente. Na campanha eleitoral, chegou a colocar o presidente no próprio programa. Ora, ele não é oposição? E que oposição é essa que tenta pegar carona da imagem do homem? Algo, claro, vai mal nas hostes adversárias.
Assim, quando os líderes da oposição afirmam que o segundo semestre não será como aquele que passou, chega a ser engraçado, para não dizer ridículo. Fariam melhor se entrassem para a base governista e, de dentro, dessem início à campanha de desestabilização da presidente Dilma.

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