segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Por enquanto é só aleivosia

Vi ainda há pouco, no blog do Reinaldo Azevedo, na edição on line da Veja, vídeo dos 15 anos da neta do ex-presidente Lula. Bia Lula naturalmente não tem talento algum, mas não se pode culpá-la completamente. Debutando, montou uma festa cafona, como são todas as do gênero – eu mesmo corro este risco dentro de mais quatro anos; torço para que minha filha prefira uma viagem. Como bailarina e aspirante a atriz, nesses poucos anos de vida ostenta um peso maior do que o recomendável. Está longe de ser uma moça esbelta e longilínea.
Bia Lula está no centro de uma polêmica envolvendo o Ministério da Cultura sobre a peça em que vem atuando. A insinuação é óbvia: mexeram os pauzinhos para que o dinheiro da montagem saísse porque ela é neta do ex-presidente. Típica acusação de tráfico de influência, o que não seria de causar qualquer estranhamento. Afinal de contas, a camarilha que tomou conta do Ministério dos Transportes fez do cenário público um reino para negócios privados exatamente porque vovô Lula assim permitiu.
Como o ex-presidente ainda manda pra caramba no governo da presidente Dilma, fica óbvia a conexão. De um lado, os serviçais ávidos em agradar; do outro, aspirantes a tubarões que fizeram de Bia Lula e seu “talento” um pé-de-cabra. O resultado seria o jorro de financiamento para uma peça que dificilmente entrará para a história do teatro pátrio. Apenas deram razão ao monte de artistas sem talento que invadiu a Funarte, em São Paulo, “exigindo” um bestialógico sem pé nem cabeça, de cheiro e forma tipicamente esquerdóides. Os caras são tão delirantes que preconizam até o descontingenciamento das verbas para a cultura, com o se isso fosse assim, num estalar de dedos.
O vídeo é apenas bobo. Bia dança, samba, canta e sapateia, mostrando que não passa de uma aluna esforçada. O dinheiro fez dela protagonista de uma megafesta de gosto duvidoso. Não a culpo: o Amaury Júnior se farta de mostrar eventos semelhantes, nos quais o ponto comum é o dinheiro jogado fora numa efeméride de pura vaidade. Bia quis o mesmo e, com o avô presidente da República, por quê não? O que não é possível dizer é que o contribuinte pagou o regabofe.
O Ministério se apressou em avisar que o edital da peça na qual Bia participa foi submetido aos trâmites normais. É uma situação complicada: a menina tem todo direito de ser bailarina, atriz, engenheira, arquiteta, médica, o que quiser. Em todos os lugares que chegar, será sempre recebida com tapete vermelho. E aí, o que fazer? Volta para casa e se prepara para ser mãe e esposa ou vai tentar a vida no exterior, para que ninguém possa acusá-la de eventualmente se servir das conexões da família?
A filha do ex-presidente Reagan, Patti Davis, posou nua para a Playboy, com 58 anos. Esperou o pai e a mãe morrerem, mas, se estivessem vivos, o que lhe cassaria tal direito? Seria constrangedor, apenas isso. Acusariam-na (ou a acusaram) de, em troca do corpo despido, receber um bom cachê só por ser quem é? Pergunta difícil de responder, dependendo sobretudo da quantidade de Photoshop utilizado para torneá-la.
Guido Mantega tem uma filha que é um avião. Marina andou mostrando o corpaço por aí e ninguém disse que o ministro da Fazenda a ajudou na empreitada, talvez porque pai algum auxilie a filha a aparecer despida. Claro que o nome a precedeu, tal como aconteceu com a neta de Lula. Mas, e aí? Pagamos ou não pagamos para ver o talento da mocinha nos palcos? Difícil dizer.
Por enquanto, Bia é apenas vítima da falta de talento e dos quilinhos a mais. Mas pode ser também do julgamento precipitado, da aleivosia e da falta de provas.

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