sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Sons para se ouvir no carro II

Vim para o Ministério hoje ouvindo um dos discos que mais gosto da minha coleção: "Fire down under", do Riot. Fiquei sabendo da existência dessa banda de metal novaiorquina no começo dos anos 80. O LP deles foi lançado pela Elektra, embora minha versão em CD seja por um pequeno selo alemão especializado em trabalhos que saíram de catálogo de gravadoras maiores. Taí um bom negócio para todo mundo: não fica engavetado no arquivo da major, o artista recebe seus direitos e o fã tem a possibilidade de obter uma peça que lhe interessa. Difícil, é claro, sempre é achá-la.
Questões burocráticas à parte, foi o primeiro disco que ouvi deles, embora tenha dois outros anteriores, que não acho grande coisa. Em "Fire down under", exceto pelo vocalista Guy Speranza e pelo guitarrista-solo Mark Reale, o restante da banda foi toda trocada e, a meu conceito, por músicos bem superiores que aqueles que estavam nos dois primeiros LPs. Sandy Slavin, Kip Leming e Rick Ventura deram outra força ao grupo.
Mas não foi somente isso. As composições também são bem mais inspiradas, mais maduras. A faixa que dá nome ao disco é logo a segunda, em vez de ter ficado lá para o final. A que abre, "Swords & Tequila", é um rocaço que merece atenção. O restante rola redondo, intenso. Eletriza do começo ao final e é um dos poucos discos de metal do começo dos anos 80 que resistiram ao teste do tempo. Experimente pegar, por exemplo, "Straight between the eyes", do Rainbow, e veja o quanto é datado. "Fire down under" não comete esse pecado.
Foi sobretudo por causa desse disco que Mark Reale chegou a ser chamado por Ozzy Osbourne para substituir Randy Rhoads, numa época, aliás, que ele tentou desesperadamente encontrar alguém igual - coisa que nem os excelentes Bernie Tormé e Brad Gillis conseguiram. Até que Ozzy se deu conta de que tinha de partir para alguém igualmente técnico, mas de personalidade, como foi Jake E. Lee (de quem falo na seção anterior, aliás).
Mas voltando ao Riot. Em seguida eles lançaram um disco, "Riot live", gravado na Inglaterra, resultado dos shows que fizeram por lá. Ainda ajudou a manter o bom momento de "Fire down under" para a banda. No LP seguinte, "Restless breed", as coisas começaram a degringolar: o religioso Speranza foi substituído por Rhett Forrester, que tinha um timbre de voz mais sujo e cansativo. O restante do time era o mesmo, só que não foi capaz de frear o carro na descida da ladeira. A partir do "Born in USA", o Riot se arrastou e se tornou mais uma desses grupos cujos discos são plenamente dispensáveis. Mais nada.
Daí que, se você quiser ouvir o melhor do Riot, escolha "Fire down under". É um excelente trababalho de estúdio. "Riot live" é um bom substituto e "Resteless breed" serve para matar a curiosidade, mas pode impressionar negativamente. O restante, esqueça.
Para concluir: os dois vocalistas, Speranza e Forrester, já morreram. O primeiro, de uma doença que não lembro qual é; o segundo, assassinado.

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