quarta-feira, 9 de novembro de 2011

É preciso apontar os boçais

Já fui estudante, já fui universitário. Passaram-se pelo menos 30 anos que estou longe dos bancos escolares. Naqueles tempos de juventude, fiz, sim, muita bobagem, algumas das quais me arrependo. Não vou fazer aqui apologia dos erros que cometi, vários deles cometidos deliberadamente. Quero transportar as imagens daqueles tempos para agora, quando vejo essa turma que invadiu prédios na USP se dizer revolucionária, reprimida e outras besteiras do gênero.
Nunca tomei tapa da polícia, mas admito que também jamais dei motivos para isso. A única vez que estive numa delegacia foi quando os bandidos tomaram meu carro, em Niterói, e espero que tenha sido a última. Não tenho uma natureza tão audaciosa assim, mas sempre tive opiniões próprias, mesmo que elas ferissem o senso comum. E nos tempos de escola e de faculdade me fartei de externá-las.
Daí porque acho intolerável o que os estudantes da USP fizeram, assim como já critiquei as invasões e greves na UnB. Acho uma calhordice, uma cretinice, essa associação de futuros sindicalistas com sindicalistas atuais, cuja única intenção é a de desestabilizar a reitoria.
Li que o reitor José Grandino Rodas foi criticado por assinar um convênio com a PM para patrulhar o campus, que não se chama cidade universitária à toa. Com índices de violência assustadores (roubos, estupros e até assassinato), convenhamos que é uma medida coerente.
Não vou defender o reitor, que tem advogados melhores que eu, mas se eu tivesse no lugar dele faria a mesma coisa. Lá vou eu me importar com uma pequena turma que fuma maconha, de estudantes profissionais/futuros sindicalistas, que não quer que os meganhas patrulhem o campus? Se matarem, se roubarem e se estuprarem, vão bater na porta de quem? Da turma do fumo é que não vai ser, tampouco na do diretório acadêmico - que no meu tempo servia apenas para organizar chopadas, peladas e campeonatos de futebol de botão; isso mudou?
Eu botava lá a PM, tendo antes o cuidado de reunir-me com o comando do batalhão para alertar-lhes de que trata-se de uma área sensível, politizada, embora enviezadamente. Mas nunca diria: se virem um maconheiro, deixem para lá. Em tempo algum pediria à polícia para, nesse caso, deixar de ser polícia.
Mesmo porque, o que me garante que no meio daquela turminha puxando um fumo não estará um traficante? E se fumar maconha é infração prevista em lei, deve ser reprimida. Concorde eu ou não.
O que isso não pode é, por causa de um grupo de baderneiros, gente mancomunada com funcionários ligados a sindicatos, virar situação política. Daqui a pouco, vamos começar a respaldar os idiotas que, dias atrás, invadiram uma transmissão ao vivo da Globo, berrando coisas que ninguém entendeu. Vamos chamar a isso de direito à liberdade de expressão?
Não se pode confundir as coisas e temos de ficar atentos porque tem muita gente disposta a, deliberadamente,  fazê-lo. A invasão dos prédios da USP foi um ato de vandalismo, foi depredação de uma propriedade pública e isso não pode ser permitido, sob qualquer pretexto. Nesses casos, o caminho é a reintegração de posse pedida à Justiça e o envio da força policial para restabelecer o direito legítimo do proprietário. A turma de mascarados, que na indumentária e nos gestos se igualou a bandidos revoltosos de qualquer pernitenciária, sabia que o trajeto a ser seguido foi o descrito acima.
Elegeram até um estudante profissional, desses que jamais são jubilados e têm mais de 10 anos vagando pelo campos, se escorando em conexões políticas espúrias. O camarada tem cara de velho, apesar do jeito pouco higiênico de ripongo. É presidente do CA ou coisa assim. Tinha que estar mais empenhado em protestar contra a violência que vitimou alguns dos seus colegas, contra a insegurança e supostas conexões entre bandidos e guardas particulares. Ou o malandrão se esqueceu que, mesmo caduco, há um Código Penal que prevê detenção para quem é flagrado com drogas?
Não aceito essa turma e, por ter filhos em idade de crescimento, vou orientá-los para que fujam dela. Participei de atos políticos, passeatas, mas nunca protestei em defesa da maconha, do direito de encher a cara na faculdade, de traficar cocaína. Quem ia em cana por esses motivos, sabia por que estava indo e que riscos corria. E como disse Tim Maia, cada qual com seu cada um. Não vou jamais estimular a confusão de conceitos, coisa de ignorantes ou de mal-intencionados.
Meus filhos poderão me chamar de careta, outros que lerem esse artigo me tacharão de reacionários. Não retiro uma única e escassa palavra ou conceito exposto aqui. Quando a gente envelhece é que percebe o ridículo de algumas posturas, de certas posições. Embora eu não subestime a estupidez de ninguém, a tendência do homem é a evolução, sobretudo a das ideias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário