segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Ministro com prazo de validade

A reforma ministerial é inevitável. Não apenas porque o governo a quer, mas porque as especulações em torno dos nomes que saem fizeram dela um fato concreto. Hoje é questão consumada, ainda que Dilma pretendesse fazer as trocas no varejo, dependendo de cada caso. Os ministros que sairão por ineficiência (Afonso Florence e Ana de Hollanda) tinham alguma chance de ficar caso tivessem mostrado mais vontade para isso. Outros vão sair porque buscarão outros cargos (são casos claros de disputa de prefeitura os de Iriny Lopes [Vitória], Fernando Bezerra Coelho [Recife] e Fernando Haddad [São Paulo]), são escândalos em potencial (Carlos Lupi e Mario Negromonte) ou desaparecerão porque suas pastas também sumirão (Luísa de Bairros e Luís Sérgio [que também vai aproveitar o bilhete azul para disputar a Prefeitura de Angra dos Reis, sua base eleitoral]).
Mas essas trocas embutem uma gravidade. Se os ministros deixados ou indicados por Lula caíram por envolvimento em casos cabeludos de corrupção, os que foram trazidos ou aceitos por Dilma são rigorosamente incompetentes. Ana, Florence, Sérgio ou Negromonte não disseram a que vieram. Desses, o único que destoa é Negromonte, contra o qual pesa, além da ineficácia, o fato de ter sido flagrado turbinando a empresa da mulher no contrato de uma prefeitura sob sua influência.
Os otimistas dizem que, agora, vem mesmo o ministério de Dilma. Podemos sentar e esperar por uma tragédia. Pela razão simples de que, aqueles que herdou, tendo gostado ou não, receberam dela o endosso para continuar. Os que vieram depois, ela não conseguiu resistir à pressão do jogo político-partidário. Bobo é quem acredita que, na reforma ministerial, a presidente vai decidir de maneira diferente.
Bem, mas ela vai ter tempo de escolher com calma dessa vez. E não teve da vez anterior? Teve, claro. Tirando um ou outro para o qual torceu o nariz (como Lupi ou o ex-ministro Orlando Silva), o restante ela aceitou sem pensar muito a respeito. Fosse farinha de outro saco, tinha agradecido as indicações e as recusado. Mas...
A história brasileira tem esse hábito: a de trocar nomes como se fosse um jogo de futebol, no qual o intervalo serve para o técnico ajustar a equipe para o segundo tempo com novas caras. Se o mandato de Dilma fosse um jogo de futebol, ela estaria na metade do primeiro tempo, ali pelos 22 minutos. Convenhamos que mudar o time pouco depois que a partida começou é sinal de que estava escalado errado desde o começo. Os treinadores não passam recibo e, mesmo que estejam perdendo, levam os 11 iniciais até o final, tendo apenas o cuidado de jogar fechado para que a derrota não aumente. Já a presidente vai fazer a troca porque percebeu que a equipe é fraca e problemática. Culpa de quem?
Dela mesma. Não estranharia se, em janeiro-fevereiro de 2013, ela novamente mudasse a composição do ministério. Suprimir pastas e criar outras é algo que poderia ter feito na transição. Da mesma forma, ter um cuidado maior com os nomes. Porque se continuar a acomodar, como tem feito, interesses partidários, a imagem de gestora competente e rigorosa tende a se enfraquecer, como, aliás, já vem acontecendo.
As eleições municipais de 2012, de certa forma, vão crivar a percepção que o eleitor tem de Dilma e de seu governo. Porque não é possível que um governo tenha ministros com prazo de validade de um ano. Isso quando não começam a apodrecer antes e precisam ser jogados no lixo.

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