segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Eu, Tony, Ozzy, Bill e Geezer (e Ian, Glenn, Cozy, Tony, Bobby, Ray, Eric, Dan...)

Vou voltar ao Black Sabbath. Minha história com os discos da banda começou com o Sabbath Bloody Sabbath: a edição brasileira (de contracapa em preto e branco) me foi dada por um amigo de colégio cujo irmão estava de mudança e não sabia o que fazer com o LP. Junto veio uma coletânea, Pop Giants Volume (alguma coisa), com músicas do Paranoid e do Master of Reality. Pouco depois, ele me deu - numa boa, pura camaradagem - o Volume 4, naquela versão nacional que vinha sem o caderno de dentro e só tinha as fotos (profeticamente, já que levaram a banda até o final) de Geezer Butler e Tony Iommi.
Admito que o SBS me desanimou: a reprodução era péssima, baixa demais. Edição CBD Phonogram. Só aprendi a dar valor ao disco muitos anos depois. Mas tem uma explicação: originalmente, trata-se de uma produção independente, por um selo minúsculo - WWA (cuja edição inglesa eu tive e babacamente deixei escapar; hoje, meu LP é uma versão americana, sem muita graça a não ser a histórica). Ou seja, foi gravado com orçamento pequeno, daí a precariedade do som. E o que era ruim piorou com a péssima prensagem nacional.
Fiquei aborrecido com aquela música arrastada, quase repetitiva. Gostava mais do V4, que começa com um petardo: Wheels of Confusion. A coletânea, pelo selo Polyfair (uma subsidiária da Polygram no Brasil), era a que eu menos ouvia. Mas lembro que meu irmão, então criancinha, se amarrava na abertura de Sweet Leaf: uma tossida que ecoa de um canto ao outro do estéreo. Leonardo dava gostosas gargalhadas. Nem sabia que a música era sobre maconha. Alguém deve ter engasgado com aquele baseado.
Aí, me bateu uma loucura e, exceto o V4, passei adiante os outros dois. Por pouco tempo. Minha reconciliação com a banda foi via uma edição americana, e original, do Paranoid. Tem aquela foto em preto e branco dos quatro, na capa que abre em álbum. Uma raridade que troquei pelo primeiro LP dos Lucifer's Friend. Durante muito tempo me arrependi do negócio, mas, depois, vi que ninguém se lembrava do Friend's. Que só legou ao rock o vozeirão de John Lawton, depois no Uriah Heep.
Em seguida obtive o SBS, original e inglês. Esse, não lembro que fim levou. Mas ainda me sinto um trouxa por não tê-lo mais. Minha edição atual, americana, pertenceu a uma ex-colega de trabalho, que também achava um estorvo os LPs que tinha.
Troquei com um chato o Master of Reality que tenho até hoje. Uma ótima edição brasileira, das primeiras. Tem aquele selo da Vertigo que, à medida que o disco roda, vai dando tonteira. O outro lado do selo traz as músicas dos dois lados. Esse mesmo chato, tampos depois, me deu o Never Say Die em troca de algo que também não me lembro.
Do meu camarada Velório vieram o Techincal Ecstasy e o Sabotage, nessa ordem. Também à base de rolos. O TE ele não gostava, mas creio que o Sabotage foi mais duro de tirar dele: acho que valeram uns dois LPs. Ambos em edição nacional. O TE já fazia parte daquela fase em que, no Brasil, a Miruna Litográfica ou a Van Moosel-Andrade (quem se lembra?) passaram a imprimir a contracapa colorida. O outro ainda era em P&B.
O primeiro, Black Sabbath, veio de presente de minha mãe e irmã, que saíram juntas para comprá-lo. A sensibilidade da minha irmã falou mais alto: entre o péssimo Conquest, do Uriah Heep, e o BS, ela fez a opção correta. Era uma edição da RGE, pelo selo Young, que editava no Brasil o selo Nems. Também pelo Nems tive um We Sold Our Souls for Rock'n'Roll, que trazia a faixa Wicked World, lançada na versão americana do BS, já que na Inglaterra ela saiu num compacto.
Na sequência, comprei o Heaven & Hell e o Mob Rules, o primeiro na Center Sound (do incansável Zé) e o segundo na Stop. Meu Mob veio com o mesmo selo dos dois lados e, ao tentar trocar por um novo, o vendedor me disse que demoraria para receber nova remessa. Resultado: fiz uma tirinha de papel e coloquei a lista das músicas escrita a mão. Já o Live Evil foi trazido pelo meu pai dos Estados Unidos.
Na década de 80, fã de carteirinha, fui comprando tudo o que saía. Born Again, Seventh Star, The Eternal Idol, Headless Cross, TYR... Creio que todos com o bom Gilmar. Aquilo que já veio em CD, como Cross Purposes, foi incorporado à coleção no novo formato.
Fiquei com esses discos por anos. Já na década de 90, começaram a entrar no mercado de CDs edições inglesas, da Castle, pelo sub-selo Essential. Logo depois passaram a ser publicadas no Brasil pela Sanctuary/Universal. Limpei a cara: comprei tudo em CD, sobretudo os discos da Sabbath da década de 70. O material é estupendo: remasterizado, vem com um caderno de fotos interessante e um texto explicativo. O disco é o mesmo, sem uma única música a mais. Porém, isso não importa. O legal é ficar sabendo dos bastidores.
Assim, fui me desfazendo de várias edições em LP. O V4 dei para Antônio Vicente, tio da minha filha, e o We Sold... foi para um primo dela, Rafael (junto com uma coletânea do Black Oak Arkansas). Outros tantos foram para a coleção do meu irmão. Mantive o Master of Reality (que até hoje não tenho em CD), o Paranoid, o SBS, o Live Evil, o Headless Cross e o TYR. Todos em estupendo estado de conservação, apesar das mudanças e das casas que tive.
E que vão mudar de lugar mais uma vez. Em breve.

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