sexta-feira, 14 de junho de 2013

Se não morreu ninguém, tudo OK

Essa piada ouvi há alguns anos, mas ilustra com perfeição a polícia brasileira. Segue.

Especialistas reuniram algumas das principais polícias do mundo para uma competição de eficiência. O teste era, dentro da mata, capturar um coelho que seria solto pelo organizadores no menor espaço de tempo possível.

A primeira foi a Scotland Yard. 15 minutos depois, traz o coelho. Em seguida, o FBI - recorde de 14m45. A Sureté bateu a marca em seguida, com o bicho preso pelas orelhas em 14m30. Seguiu a corrida, com cada uma fazendo o tempo mais baixo.

Por último, ficou a PM carioca. A marca era difícil: trazer o coelho em menos de 15 segundos. Os caras caíram dentro da mata. Dez segundos depois, voltam com um mendigo debaixo de porrada. O cara gritava:

"Tá certo, porra, eu sou um coelho!"

Manifestação, no Brasil, tem tudo para acabar em confusão, violência e abuso. Do outro lado, uma polícia que espanca, tortura e mata, em qualquer circunstância. Que a ação ontem em algumas capitais do País não são dignas de uma polícia bem preparada, isso já se sabe. O que se pergunta é: quando as PMs serão realmente bem preparadas?

Respondo: nunca, jamais, em tempo algum! A própria corporação não deseja romper com padrões e modernizar-se no tratamento de situação extremas. É da cultura interna, é das academias de formação de oficiais e de praças. Todos têm ali a certeza mais absoluta de que certas crises só são resolvidas distribuindo cacetadas indistintamente.

(Não vou entrar no mérito da manifestação. Acho R$ 3,00 de passagem de ônibus um valor escorchante e que R$ 0,20 de aumento pesam, sim, no bolso, no final do mês. Quem anda de transporte coletivo sabe que de pouquinho em pouquinho, o assalariado de mais baixa renda gasta muito com transporte. Ah!, existe o vale, que é dado pelo patrão. Vírgula, amigos. Se o cara precisar pegar um ônibus para ir sempre ao mercado, à casa da mãe num domingo e coisa parecida, vai ter que bancar a ida ao trabalho no restante do mês.

Mas essa é outra história. Voltemos à polícia.)

Se fizerem um histórico das manifestações, verão que sempre terminam mal. Primeiro, porque a população, de uma forma geral, tem ódio da polícia. A despreza, considera-a corrupta, violenta e covarde. Não sem razão.

Em segundo, porque a polícia não é enxergada como um instrumento de respeito ao estado e de preservação da ordem. É um elemento de opressão, nada mais. Culpa dessa imagem junto ao cidadão? Ora, ela mesma.

É só fazer um levantamento sobre casos gratuitos de violência policial, cuja punição se perde de vista. Não, não é apenas a imprensa que deixa que certos episódios desapareçam, mas é a corporação que também não dá satisfações dos seus atos. Não conheço uma única polícia, PM, Civil ou Federal, que venha a público purgar seus pecados.

Se não dá satisfações à sociedade, como obter respeito e compreensão? Impossível. É uma caixa preta que se auto-protege. E que quando aparece, é para colocar o cidadão contra a parede e dar-lhe surras de cassetete nos rins.

Pode o governador, o prefeito, dizer o que quiser. A polícia não muda, nem vai mudar. Primeiro, porque não quer (nova mentalidade pode parecer frouxidão); segundo, porque não pode (para o opositor, a polícia violenta de hoje pode ser o amparo político de amanhã); terceiro, porque não sabe (como toda corporação fechada e avessa a arejamentos, busca soluções dentro de si mesma; em geral, soluções que já fracassaram).

Esses episódios das passagens de ônibus que terminam em pancadaria não será o último, sobretudo porque ninguém morreu e morte não foi filmada. Se isso acontecer, pode ser que mude algo - ainda assim a percepção será limitada. Mas se isso acontecer com frequência, pode ser que realmente se evolua.

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