Já não podia em 2010, quando uma eleição enviezada colocou Rogério Rosso para completar os meses que faltavam do governo Arruda. Ninguém tem dúvida alguma de que uma gangue vampirizou o GDF durante décadas; as imagens feitas pelo Durval Barbosa são fortes demais, impressionantes demais, incontestáveis demais. Então, como é que o eleitor pode querer que o Arruda volte?
Pior: no Reynaldo Azevedo, na Veja, está que Agnelo perderia até mesmo para Joaquim Roriz num suposto pleito. Para quem não sabe, ou não quer saber ou não pretende se lembrar, Arruda e Roriz são rigorosamente o mesmo grupo político. Quem serviu a um, serviu a outro.
E não é somente isso: Arruda renunciou, assim como Roriz renunciou à cadeira no Senado. Roriz, aliás, está inelegível pela próxima década. Foi tragado pela Ficha Limpa.
Então, é só aparecem denúncias (fortes, pesadas e fortemente documentadas) para que o eleitor do DF queira novamente os mesmos bandidos que não faz muito tempo estavam no poder?
Vale ressaltar que, no governo Arruda, teve auxiliar direto do ex-governador sendo levado preso para a Papuda! PA-PU-DA! Foi em cana como bandido comum.
Vale ressaltar que Roriz foi flagrado numa gravação acertando com Tarcísio Franklin de Moura, ex-presidente do BRB, a divisão de um dinheiro que, para quem está com a memória fraca, era público. E queriam levar o butim para ser repartido no escritório de outro facínora, Nenê Constantino, acusado de grilagem de terras e de mandar cometer um assassinato.
Vale ressaltar que a deputada federal Jaqueline Roriz foi FLA-GRA-DA nas gravações de Durval pegando dinheiro (público!) para pagar dívidas de campanha. E que só se safou de um processo de cassação na Câmara porque seus colegas temeram passar a serem julgados pelos crimes que cometeram antes de assumirem o mandato.
Isso quer dizer que a política do DF não tem quadros à altura de assumir a gestão pública.
Em assim sendo, qual a melhor alternativa para o cidadão-contribuinte-eleitor? ACABAR COM A AUTONOMIA POLÍTICA DO DF!
Claro que a turma que fica agarrada nas tetas do GDF não quer nem pensar nessa possibilidade, mas é o melhor momento para discuti-la.
Em 2010, Agnelo ganhou uma eleição plebiscitária: era um novo (?) grupo político contra aquele que sugou o GDF por mais de uma década. Ou seja, houve a identificação clara de que Roriz e Arruda eram a mesma turma, que tentaria se segurar através de Weslian, caso inédito de uma governadora-títere do próprio marido. Agnelo era um recém-chegado e, embora turbinado por grupos que oportunísticamente deixaram o outro lado, não vinha com o cheiro de bolor dos rorizistas explícitos e ocultos.
O DF é sustentado em boa parte por recursos da União. A polícia é a mais bem paga do País porque não é o governo que a banca. Os professores, a mesma coisa. Ou seja, a autonomia financeira é de brincadeirinha.
Se pesquisa houver, não deve ser feita com a pergunta ao eleitor sobre quem ganharia a eleição agora, no caso de saída de Agnelo. Deve ser indagado se o cidadão voltaria às urnas num plebiscito sobre se o DF deve continuar autônomo ou não.
Afinal, para onde quer que se olhe, as propostas são desalentadoras, desesperadoras, estarrecedoras, entristecedoras.
PS - Para que não digam que pegar carona na tragédia lulopetista é fácil, quem me conhece sabe perfeitamente que sempre defendi o fim da autonomia política e administrativa do DF.
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