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terça-feira, 19 de julho de 2011

Tá tudo dominado!

Do site da veja. Eis uma leitura instrutiva:

"Após a revelação, feita por VEJA, de um esquema de corrupção implantado no Ministério dos Transportes pela cúpula do PR, que levou a presidente Dilma Rousseff a mandar concluir, ainda essa semana, uma faxina na pasta, mais um negócio em família no já conturbado ramo veio à tona nesta terça-feira. A empreiteira do irmão do superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Mato Grosso fechou contratos de 26 milhões de reais com o órgão, nos últimos dois anos, para obras em rodovias federais que cortam o estado, informa reportagem do jornal Folha de S.Paulo.
"Homem de confiança do diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot - que está oficialmente de férias mas não voltará ao cargo por determinação da presidente Dilma Rousseff - Nilton de Brito foi nomeado para o cargo em 2010, depois de ocupar outros postos no órgão, em Brasília. Ele é irmão de Milton de Brito, dono da construtora Engeponte.
"Contratos - A Engeponte foi contratada por 10 milhões de reais para construir quatro pontes na rodovia BR-158. Na época, Nilton era coordenador-geral de desenvolvimento de projetos da direção-geral do Dnit, em Brasília. A empresa recebeu 9 milhões entre 2010 e 2011. No ano passado, quando Nilton já ocupava a superintendência do Dnite em Mato Grosso, a empresa montou consórcio e assinou novo contrato de 41 milhões com o órgão para pavimentação de 48 quiômetros da rodovia BR-242. Pelas regras do consórcio do qual a Engeponte faz parte, ela ficará com 40% do valor do contrato - 16 milhões. Os dois contratos foram assinados após licitação.
"Em entrevista à Folha, o empresário, Milton de Brito, dono da Engeponte, negou favorecimento e disse que pediu ao irmão para deixar a superintendência do Dnit.
"Na semana passada, surgiu um outro negócio familiar: o diretor-geral interino do Dnit, José Henrique Coelho Sadok de Sá, deixou o cargo após a revelação de que a construtora Araújo, que pertence à mulher dele, fechou contratos de R$ 18 milhões para obras de rodovias em Roraima. 
"Limpeza - Nesta segunda-feira, Dilma orientou o ministro dos Transportes,Paulo Passos, a concluir logo a limpeza na pasta - o que inclui o afastamento do petista Hilderaldo Luiz Caron, diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, e de Felipe Sanches, presidente interino da Valec.
"Edição de VEJA desta semana revela que, em conversas com correligionários antes de seu depoimento ao Congresso, Pagot apontou que Caron se empenhava pessoalmente para viabilizar alguns "estranhos reajustes" no preço de obras.
"Regras - Também nesta segunda, Dilma desistiu de nomear o contador e administrador Augusto César Carvalho Barbosa de Souza antes mesmo que ele assumisse o comando da Diretoria Administração e Finanças do Dnit. Barbosa de Souza havia sido indicado pela própria presidente para o cargo - Dilma chegou, inclusive, a enviar o nome do contador para análise no Senado. Em ofício publicado no Diário Oficial da União (DOU) nesta segunda, porém, a presidente pediu ao Senado a retirada de pauta do nome de Souza. Outra resolução publicada no DOU muda as regras para a escolha do diretor-geral do Dnit.
As novas regras permitem que o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, indique um servidor com perfil técnico para ocupar a diretoria-geral do órgão interinamente no caso de o cargo ficar vago. Na prática, o texto permite que o Planalto escolha um novo ocupante para o posto de Luiz Pagot e impeça que ele tenha que ficar no cargo até que o futuro diretor-geral seja sabatinado pelo Senado."

Quem manda mais?

A descoberta de que o PR privatizara o Ministério dos Transportes, a fim de faturar politicamente com uma das pastas mais irrigadas de recursos no Governo federal, tornou-se um problema tamanho, que já começa a corroer as relações dentro do Palácio do Planalto.
Enquanto a presidente Dilma e as ministras Gleisi Hoffman e Ideli Salvatti entoam o coro de que Luiz Antônio Pagot não voltará ao comando do DNIT tão logo retorne das férias, do outro lado está o ministro Gilberto Carvalho tentando negociar a permanência do afilhado do senador Blairo Maggi, a fim de segurar o petista Hideraldo Caron numa das diretorias da autarquia.
O PR já decretou: se Pagot sair, Hideraldo deve ir junto. Dilma, Gleisi e Ideli não parecem muito preocupadas em tirar um e outro, ou até mesmo pôr Pagot para fora e manter Hideraldo por enquanto. O que elas não querem, de forma alguma, é continuar com Pagot no cargo, algo em que Carvalho insiste. Assim, está criado o mal-estar entre os ministros, pois Dilma não parece ter o mesmo compromisso que Lula e seu avatar, Gilberto Carvalho, têm com o PR.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Carne de pescoço

No jantar da presidente Dilma com líderes aliados e ministros, ontem à noite, tirou-se uma constatação dramática, feita por um dos convivas: nunca se votou tanto no Congresso sem levar coisa alguma. Ou seja: aquela pressão que havia, no governo Lula e no de Fernando Henrique Cardoso, para que as coisas andassem no Legislativo mediante barganha política, não funcionou no primeiro semestre. Estarão mudando as relações do Palácio do Planalto com a base?
Se estão mudando, já não era sem tempo. Desde a época de Roberto Cardoso Alves, no longínquo governo Sarney, que deputados e senadores entoam cinicamente o trecho da oração de São Francisco de Assis – o “é dando que se recebe”. Dilma mostrou, nos últimos dias, que sua gestão não será leniente com a esperteza e a corrupção, desfazendo a quadrilha encastelada no Ministério dos Transportes desde que Alfredo Nascimento ascendeu à pasta, em 2003. E apagou, pelo menos em parte, a impressão de que se estava diante de uma presidente refém dos malfeitos e hesitante, quando do período da demissão de Antônio Palocci.
Mas esses não foram os únicos acenos de que Dilma parece desejosa de imprimir uma nova marca no seu governo. A colocação de Paulo Sérgio Passos no comando do Ministério dos Transportes, à revelia do PR – que pretendia manter as torneiras abertas e o trânsito de Valdemar Costa Neto intacto –, bem como o anúncio de que Luiz Pagot não retorna ao DNIT – para irritação do seu padrinho, o senador Blairo Maggi –, fizeram a presidente ganhar pontos preciosos com a opinião pública.
Não se pode atribuir tais ações às ministras Ideli Salvatti e Gleisi Hoffman. Ainda que tenha havido a conversa a três, para juntas com Dilma chegarem à conclusão do melhor rumo a ser tomado, foi a presidente que deu a forma de intolerância com o malfeito de personagens que herdou do seu antecessor. Fosse em outras épocas, o PR teria conseguido emplacar a chantagem que chegou a ensaiar durante o processo de substituição da cúpula dos Transportes.
Outro aspecto interessante dessa nova postura foi o fato de o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, ter vindo a público no exato instante em que Pagot insinuou que atendera algumas duas suas ordens. Bernardo, então ministro do Planejamento, deu uma dura resposta às indagações que a imprensa lhe fizera, deixando claro que não o levariam – e, por extensão, sua mulher, a ministra da Casa Civil – para o lamaçal dos corruptos. E ontem, depois que Pagot, emparedado, não disse nada que se pudesse aproveitar na audiência na Câmara, o ministro foi igualmente duro ao afirmar que “tinha certeza de que Pagot não mentiria”. Pela primeira vez, a chantagem é tratada com deve ser: com assertividade e sem eufemismos.
Claro que o segundo semestre não será um mar de rosas. Há vários assuntos de interesse do governo tramitando e para serem votados no Congresso. Mas é importante notar que, durante o recesso, haverá muitas conversas dos dois lados para reverem ou confirmarem posições. O recado que Dilma passou nos últimos dias não se resume ao PR; diz respeito também ao PT e ao PMDB, que têm maior poder de retaliação.
O aspecto positivo é que, pela primeira vez em muito tempo, os partidos estão diante de um interlocutor duro, que não está disposto a ceder à primeira exposição dos caninos.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Mais gente na roda

O Ministério dos Transportes tem tudo para continuar no noticiário durante o recesso parlamentar, que efetivamente deve começar amanhã, depois da maratona de votações desta noite na Câmara. O fato de Paulo Sérgio Passos ter assumido o comando da pasta ameniza um pouco a insatisfação do PR – afinal, horas antes de ser designado para a função pela presidente, já havia senador do partido, como Magno Malta (ES), defendendo que fosse feita a vontade de Dilma. O foco agora é Hideraldo Caron, petista de quatro costados, saído da base do partido no Rio Grande do Sul e que está na Diretoria de Infraestrutra Rodoviária do DNIT desde 2003.
Seu nome já havia aparecido antes no noticiário, mas foi reforçado ontem, no depoimento de Luiz Antônio Pagot no Senado. O ex ou atual diretor do DNIT (foi afastado, mas pediu férias e, portanto, sua situação só se resolve quando se reapresentar) ressaltou que o órgão é um colegiado e que os aditamentos contratuais para obras nas estradas passam diretamente pelas mãos de Hideraldo.
Isso quer dizer que o PR pode até ter montado uma quadrilha dentro do Ministério, mas de alguma forma o representante do PT sabia o que se passava. E pode ser que não ficasse somente no conhecimento, na tolerância: pode ser que participasse. Mesmo porque, Hideraldo tem mancha no currículo, ao ter sido citado no relatório da Operação Castelo de Areia, desfechada pela Polícia Federal, em 2009. A acusação é a de que supostamente teria recebido propina da empreiteira Camargo Correia.
Segundo os relatórios da operação policial, um manuscrito sugere que Hideraldo e Luiz Munhoz Prosel Júnior, também do DNIT, teriam recebido propina de de R$ 74 mil após o acréscimo de R$ 80 milhões nas obras da rodovia BR-101 no Nordeste.
O petista também aparece num diálogo gravado pelos federais, dessa vez relacionado à BR-402. Na conversa, o dono da notória construtora Gautama, Zuleido Veras, o aponta como responsável pela liberação de uma pavimentação asfáltica do interesse da máfia das obras. O empreiteiro teria relatado a um representante do governo do Maranhão a atuação "fundamental" de Hideraldo na aprovação da obra. O petista, porém, sustentou que não fez qualquer pressão ou ameaça aos colegas de diretoria para acelerar a aprovação do convênio.
Ou seja: com a vinda de um petista para a roda de escândalos do Ministério dos Transportes, é previsível que neste final de semana possa vir algo pela Veja, que desencadeou a derrubada da quadrilha que atuava na pasta. Quanto mais não seja, poderiam requentar a trajetória de Hideraldo e suas manchas no currículo. Algo bem do interesse do PR, pois mostraria que PT participava da bandalheira – por ação ou por omissão.

Mais gente na roda

O Ministério dos Transportes tem tudo para continuar no noticiário durante o recesso parlamentar, que efetivamente deve começar amanhã, depois da maratona de votações desta noite na Câmara. O fato de Paulo Sérgio Passos ter assumido o comando da pasta ameniza um pouco a insatisfação do PR – afinal, horas antes de ser designado para a função pela presidente, já havia senador do partido, como Magno Malta (ES), defendendo que a pasta fosse feita a vontade de Dilma. O foco agora é Hideraldo Caron, petista de quatro costados, saído da base do partido no Rio Grande do Sul e que está na Diretoria de Infraestrutra Rodoviária do DNIT desde 2003.
Seu nome já havia aparecido antes no noticiário, mas foi reforçado ontem, no depoimento de Luiz Antônio Pagot no Senado. O ex ou atual diretor do DNIT (foi afastado, mas pediu férias e, portanto, sua situação só se resolve quando se reapresentar) ressaltou que o órgão é um colegiado e que os aditamentos contratuais para obras nas estradas brasileiras passam diretamente pelas mãos de Hideraldo.
Isso quer dizer que o PR pode até ter montado uma quadrilha dentro do Ministério, mas de alguma forma o representante do PT sabia o que se passava. E pode ser que não ficasse somente no conhecimento, na tolerância: pode ser que participasse. Mesmo porque, Hideraldo tem mancha no currículo, ao ter sido citado no relatório da Operação Castelo de Areia, desfechada pela Polícia Federal, em 2009. A acusação é a de que supostamente teria recebido propina da empreiteira Camargo Correia.
Segundo os relatórios da operação policial, um manuscrito sugere que Hideraldo e Luiz Munhoz Prosel Júnior, também do DNIT, teriam recebido propina de de R$ 74 mil após o acréscimo de R$ 80 milhões nas obras da rodovia BR-101 no Nordeste. O petista também aparece num diálogo gravado pelos federais.
Na conversa, o dono da notória construtora Gautama, Zuleido Veras, o aponta como o responsável pela liberação de uma obra do interesse da máfia das obras. O empreiteiro teria relatado a um representante do governo do Maranhão a atuação "fundamental" de Hideraldo na aprovação de uma pavimentação em uma rodovia daquele Estado. O petista, porém, sustentou que não fez qualquer pressão ou ameaça aos colegas de diretoria para acelerar a aprovação do convênio.
Ou seja: com a vinda de um petista para a roda de escândalos do Ministério dos Transportes, é previsível que neste final de semana possa vir algo pela Veja, que desencadeou a derrubada da quadrilha que atuava na pasta. Quanto mais não seja, poderiam requentar a trajetória de Hideraldo e suas manchas no currículo. Algo bem do interesse do PR, pois mostraria que PT participava da bandalheira – por ação ou por omissão.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Bandeira branca

Não era tão difícil assim prever que Luiz Antônio Pagot nada falaria na audiência do Senado. E se nada falou no Senado, são grandes as chances de manter a mesma postura na Câmara, amanhã. E por que não falou? Porque o governo não engoliu os blefes do PR. Pela primeira vez, em muito tempo, se vê um presidente da República enfrentar um partido que quis colocá-lo contra a parede. Num passado não tão distante assim, Valdemar Costa Neto e seus agentes teriam ganhado a queda de braço.
Dilma mostrou que o pretenso jogo pesado do PR não funcionaria. Ela insistiu que ou Paulo Sérgio Passos assumiria o Ministério dos Transportes ou quem a legenda indicasse ficaria isolado na cúpula, sem poder fazer os auxiliares. O único erro da presidente foi não ter colocado essa corja para fora antes, pois, como devia obrigações ao ex-presidente Lula, decidiu mantê-la. Mas assim que pode e houve argumento, Dilma tocou-a pela porta dos fundos a vassouradas.
O senador Blairo Maggi não aceitou a vaga não somente porque tem telhado de vidro, negócios com o governo etc. Não aceitou porque ficaria como a Rainha da Inglaterra, ou seja, manda, mas não governa. Quem governaria seria Dilma e sua gente. A presidente, inclusive, mostrou que cansou de cozinhar o galo ao efetivar Paulo Passos como ministro. Sinalizou que o PR continuava à frente do Ministério dos Transportes, mas não seria o PR de Valdemar e Alfredo Nascimento - seria o “seu” PR. Agora, Paulinho – como a presidente o chama – pode fazer seus auxiliares, inclusive os novos presidentes do DNIT e da Valec.
O governo também agiu com velocidade quando o partido tentou trazer o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) para brigar na rua. No domingo, ele concedeu entrevista a’O Globo, mostrando que as insinuações que vinham fazendo Pagot, Blairo e o PR não passavam de blefe. Ou seja, respondeu rápido e enfaticamente e jogou no colo deles o ônus da prova.
Dessa ópera, o resumo é que Pagot chegou ao depoimento de hoje no Senado sem ter muito o que dizer. O pessoal da oposição até que tentou, mas ficou evidente pela exposição de motivos que fez antes de responder às perguntas dos senadores que a montanha iria parir um rato. O que o PR faz agora é recolher os cacos para não perder mais espaço.
Isso quer dizer o seguinte: o partido vai engolir em seco a colocação de Paulo Passos como ministro e, de cara alegre, considerá-lo “do partido”. Havia até mesmo alguns senadores – como Magno Malta (ES) – que já trabalhavam com essa hipótese, sinal de que o PR estava pronto para estender a bandeira branca. Dilma conseguiu o que queria: que Valdemar Costa Neto e sua gente tivessem a entrada vetada no prédio do Ministério.
O outro lado dessa moeda é o seguinte: se algo de errado acontecer durante a gestão de Paulinho, o escândalo subirá a rampa do Palácio do Planalto com uma velocidade impressionante.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Na reta final

Era fácil prever que depois do Ministério dos Transportes, a bola da vez seria o do Turismo. O ministro Pedro Novais começou sua gestão com o pé esquerdo: primeiro, jogou na verba de gabinete gastos com farra num motel de São Luís e, mais recentemente, vem irrigando as festas de São João com dinheiro público. Longe de serem eventos culturais, na realidade essas quadrilhas (no bom sentido) servem muito mais para políticos locais se derramarem em proselitismo. O deputado aparece como benfeitor e embolsa os louros obtidos com o forró à custa da União.
A presidente começou a minar Novais de maneira habilidosa: colocou na Embratur o ex-deputado Flávio Dino, desafeto declarado do clã Sarney, ao qual o ministro do Turismo é ligado. A rigor, a autarquia é a única coisa importante do Ministério e está nas mãos do Palácio do Planalto. Pela pasta passará uma boa quantidade de verbas com vistas à Copa e à Olimpíada. E Dilma não é louca de deixar alguém no qual não tem a menor confiança, como Novais, administrando tamanha quantidade de recursos.
A presidente só não dispensa o ministro agora porque seriam crises demais ao mesmo tempo. Na escala de prioridades está a solução do Ministério dos Transportes: o senador Blairo Maggi não aceitou o convite e amanhã Luiz Antônio Pagot vai ao Senado prestar depoimento. Claro que vai ser indagado sobre a questão do DNIT, pois já disse que apenas cumpria ordens.
Aliás, está aí uma situação interessante. Blairo deu entrevista a’O Globo no qual, além de afirmar que não é advogado de defesa de Pagot, negou que ele tenha falado as coisas de maneira que soassem como recados ao governo. No entendimento do senador, seu afilhado disse apenas que, embora fosse diretor de uma das principais autarquias do Ministério, não decidia nada somente pela própria cabeça. No domingo, ao mesmo O Globo, o ministro Paulo Bernardo deu uma entrevista em tom duríssimo, na qual negou que tivesse feito qualquer pedido especial – digamos assim – a Pagot.
Daí porque acredito que a montanha vai parir um rato amanhã. Nos últimos dias, o PR fez circular várias versões de que Pagot iria abrir a boca, que seria um “homem-bomba” etc. e tal. Puro blefe. Por mais que seja verdade, o partido não tem interesse algum de detonar revelações comprometedoras contra quem quer que seja. Usará isso como moeda de troca, embora, como diga o ditado, cão que ladra não morde. No atual estágio da hipocrisia nacional, ninguém enfrenta seu adversário de peito aberto: vaza a informação que lhe interessa para algum veículo de grande circulação.
Além do mais, com a questão do mensalão surgindo no horizonte, o PR e o PT têm que se acertar, porque alguns dos seus integrantes nada ganham com o chumbo trocado. Valdemar Costa Neto está aí na iminência de renunciar mais uma vez ao mandato para forçar seu inquérito do mensalão a voltar para a primeira instância da Justiça. Os demais petistas envolvidos na história são pessoas das quais o Palácio tem mantido equidistância, inclusive José Genoíno, cuja nomeação passou a ser um problema exclusivo do ministro Nelson Jobim.
Assim, com o recesso parlamentar chegando na sexta-feira e todos preocupados em votar o Orçamento, o momento é de meditação para os envolvidos. Dilma não vai precipitar nenhuma limpeza nesse instante, para não colar uma crise na outra. O PR, por sua vez, está sendo instado a procurar alguém que o represente no Ministério dos Transportes, embora a presidente já tenha deixado claro que a futura administração não será como aquela que passou. No Turismo, o Palácio já conseguiu pôr uma cunha na porta que o atrapalhado Pedro Novais mantém aberta. Blairo se recolhe para os bastidores na tentativa de segurar Pagot, que mandou recados, mas não vai confirmá-los.
Ou seja, o primeiro semestre político termina com todos revendo suas posições para os próximos seis meses.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O pacote do Pagot

O governo está refém de um homem: Luiz Antônio Pagot, diretor (ainda?) do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o notório DNIT. Em breve conversa com repórteres d’O Globo e da Folha de S.Paulo, deu um tom ameaçador à possibilidade de ser escanteado. Para um, disse que era um cumpridor de ordens e justificou-se com o ditado “manda quem pode e obedece quem tem juízo” para deixar claro que se irregularidades existem, não são endossadas por ele. Para o diário paulistano, Pagot foi mais explícito ao atribuir ao petista Hideraldo Caron, diretor de Infraestrutura Rodoviária e considerado “olheiro” do Palácio do Planalto, a responsabilidade por 90% das obras de DNIT.
Por causa disso é que ontem os parlamentares do PR tinham apelidado Pagot de “homem-bomba”. Isso justifica o cuidado com que o Palácio do Planalto começou a tratar a substituição de Alfredo Nascimento. A presidente, na impossibilidade de emplacar Paulo Sérgio Passos no comando do Ministério dos Transportes, convidou o senador Blairo Maggi (PR-MT) para assumir a pasta. A manobra ficou evidente: Blairo assume e acalma Pagot, que fecha a matraca que ameaça abrir. Só que o senador tem bons motivos para não atender ao chamado: ameaçam abrir uma CPI tão logo assuma, assim como os vários negócios que tem com o governo e sua fama de desmatador o deixam em má situação antes de entrar.
Nesse processo, algumas caravelas já foram queimadas. E caso a presidente volte atrás, consolidará a fama de hesitante com que já a classificam. Na explosão do escândalo, detonado pela revista Veja, Dilma afastou todo o segundo escalão do Ministério, deixando apenas Alfredo, cuja cabeça foi cortada depois. Afastamento significa demissão e não pode ter outra leitura. O presidente da Valec foi exonerado, o ex-chefe de Gabinete de Alfredo também.
Pagot, por sua vez, pagou (sem trocadilho) para ver. Pediu férias e começou a mandar recados, que chegaram ao destinatário. De algumas horas para cá emergiu um temor, explicitado pelos jornais, de que ele pode fazer estragos que não interessam ao governo. Começou, inclusive, a circular o boato de que muitos dos pedidos que atendeu foram de petistas, dentre os quais o mais destacado é o hoje ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Na época, ele estava no Planejamento. Pagot nega essa versão, mas onde há fumaça, há fogo.
Se Bernardo for trazido para a roda, vem junto a ministra-chefe da Casa Civil, sua mulher, Gleisi Hoffman. A versão de que o ministro teria feito várias solicitações ao DNIT foi passada por parlamentares do PR, que, evidentemente, sabem das coisas, tal o nível de atuação do deputado Valdemar Costa Neto no partido e no Ministério. Juntando-se o “manda quem pode e obedece quem tem juízo” declarado por Pagot e a alcunha de “homem-bomba” que recebeu, não é difícil acreditar que a presidente meteu a mão num vespeiro de proporções siderúrgicas.
Esse final de semana será de conversas e articulações. Já se fala em entregar o Ministério dos Transportes ao PMDB e compensar o PR com uma algo menos espinhoso. Os peemedebistas dizem que não querem, mas querem, sim, voltar a uma pasta pródiga em recursos e que já controlaram no passado. Os parlamentares do partido do ex-ministro Alfredo Nascimento dizem que o Ministério é um “pepino”, mas só o fazem agora, depois que a lama ganhou as ruas – do contrário, continuariam colocando esse suculento pepino na salada com a maior tranquilidade. O PR, porém, não admite ser empurrado para uma pasta pouco irrigada de recursos ou sem peso político.
Pergunte se lhes interessa o Ministério da Pesca?