A saída do Palocci talvez seja um começo, ainda que tímido, de descolamento entre a Dilma e Lula. Os jornais de hoje trouxeram que ela havia conversado com o ex-presidente, que lhe recomendara segurar o ministro. Se isso for verdade, por que o ex-titular da Casa Civil jogou a toalha, sobretudo depois que a Procuradoria Geral da República arquivou os pedidos de investigação contra ele?
Primeiro porque não acredito que Dilma atenderia a Lula. Conversou com o ex-presidente pelo simples fato de que era o avalista do ex-ministro, mas não parecia nem um pouco disposta a mantê-lo no cargo. A presidente assumiu falando em transparência e intransigência com os malfeitos, postura diametralmente oposta a do seu antecessor. Segurar Palocci seria romper esta regra com apenas seis meses de governo. Dilma sabe que outras crises virão e serão quase todas de natureza moral. Assim, não pode queimar cartuchos de credibilidade. Vai precisar muito deles futuramente.
Segundo porque Dilma precisa de um interlocutor com o Congresso. Ela detesta fazer política e manter Palocci seria ocupar uma vaga fundamental para o bom entendimento com o Legislativo. A quem caberia esta função se o ministro deixou de ser visto como o homem da articulação? A Luiz Sérgio? Esse também pode estar com os dias contados, já que com a crise envolvendo o ex-ministro da Casa Civil, em momento algum foi trazido ao centro do palco para tentar alguma abertura de diálogo.
Terceiro porque o ministro explicou-se pouco na entrevista que concedeu semana passada. Para piorar, no final de semana a Veja ainda mostrou que Palocci tem uma incrível atração por negócios estranhos e cabeludos. Não foi demitido na segunda-feira por causa da presença de Hugo Chávez, mas já devia saber que não duraria muito. Apesar dos sorrisos, de ter sentando ao lado de Dilma e do apoio (?) do ditador venezuelano, esperava apenas o melhor momento para conversar com a presidente e juntos chegarem a uma solução.
Que foi essa. A volta para casa. Palocci agora pode se dedicar integralmente a Projeto, inclusive mudar-lhe a razão social. Vai continuar transitando no PT, será recebido pelo círculo íntimo de Lula, mas vida pública novamente nunca mais.
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