Que o ministro Luiz Sérgio é um fantasma a vagar pelo Palácio do Planalto, há tempos se sabe. Os prognósticos agora giram em torno do tempo que levará até ser demitido da Secretaria de Assuntos Institucionais. Considerando-se que o caso Palocci ainda não está de todo sepultado, que a ex-senadora Gleisi Hoffman mal assumiu a Casa Civil e que Dilma avalia de que forma ficará sua coordenação política, Sérgio ganha uma sobrevida. Seriam trocas demais, numa mesma área, em pouco tempo. Sinal de que algo estava errado.
Palocci não deu a menor chance para Sérgio. Os contatos eram todos feitos com o ex-ministro, que, inclusive, escolhia quem recebia e quem ouvia. Ninguém utilizava o ministro de Relações Institucionais para nada, sequer para fazer uma ponte, passar um recado. A própria presidente o tratava com certo desprezo, como conta Dora Kramer em sua coluna no Estadão, hoje. Segundo ela, numa reunião com senadores, dias atrás, Sérgio tomou da presidente um "passa, moleque" constrangedor. Situação sobre a qual só resta ao humilhado se levantar da mesa e entregar uma carta de demissão. Mas não estamos falando aqui de homens de caráter firme.
A montagem da coordenação política do governo estava errada desde o início. Palocci vinha da campanha de Dilma, foi seu coordenador. No arco de contatos que fez, agregado ao fato de já ter sido ministro da Fazenda, era óbvio que monopolizaria as interlocuções. Então, pergunta-se, por quê Dilma aceitou a colocação de Sérgio se Palocci tinha esse perfil? Porque, evidentemente, não teve completa autonomia para formar sua equipe. Prova disso é o tanto de ministros que herdou de Lula, que ainda conseguiu emplacar alguns penduricalhos em nome de alas do PT e de amigos queridos. Nesta lista de penduricalhos está Luiz Sérgio.
O ministro das Relações Institucionais pode até não sair agora, mas dificilmente ocupará o lugar que deveria ser seu. Esvaziado desde o início, não será agora que vai se qualificar. A menos que Dilma explicite que, de agora em diante, as coisas serão apenas e tão somente com ele. Pelo tanto de desimportância que devota a Sérgio, fica difícil acreditar nessa hipótese. Ele continuará ali, a dar suas opiniões apenas quando for solicitado. E nunca mais cortará um raciocínio da presidente para não ser constrangido.
Dilma avisou, segundo jornais de hoje, que apenas o substitui quando o PT conseguir se acertar. Ou seja, Sérgio vai ser mandado embora, de um jeito ou de outro. Como falta pouco tempo para o recesso parlamentar, e atestados de incompetência não podem ser emitidos seguidamente - a presidente publicou o primeiro com a demora em debelar a crise envolvendo Palocci -, é de se acreditar que a troca na Secretaria de Relações Institucionais aconteça somente depois da volta do Congresso às atividades.
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