segunda-feira, 19 de março de 2012

"Jornalistas" com aspas

Eu sou do ramo. Quem me expôs não passa de "farofeiro"
Há muito anos, ouvi de Helio Fernandes uma frase que considero lapidar: "A independência do jornalismo acabou no momento em que Gutemberg inventou a prensa de tipos móveis". Em suma, considero a expressão "jornalismo independente" um clichê sem valor. Qualquer um pode ser dizer "independente" sem dizer quem realmente o financia. Os jornais, as TVs, as rádios e agora os sites adoram retumbar isso. Não têm coragem de revelar seus interesses, sejam econômicos ou políticos. Nem podem. E assim caminha a humanidade.
O mesmo acontece com os blogs. Tem quem faça desse espaço, importantíssimo, um veículo de difusão de informações, mas tem quem queira fazer "jornalismo" capenga, partidário. Como é um espaço livre, que foge ao controle de códigos de ética, normas de redação e, sobretudo, da Justiça, assacam as piores aleivosias, as maiores torpezas. Qualquer um é alvo. Basta pensar diferente. Basta cumprir um papel.
O cara pode dizer o que quiser num blog, sobretudo se tem pouca ou nenhuma importância. Mentir, xingar, acusar, enfim, dar asas à irresponsabilidade de expor pessoas, nomes, situações. Aconteceu comigo exatamente isso.
Não vou dar aqui o nome do blog que expôs meu nome, dando a entender que eu estivesse comentendo um  crime de defender ao camisa do time que jogo. Jogo no Ministério da Cultura, na assessoria de imprensa. Aqueles que não sabiam disso, agora sabem. Isso já era possível descobrir pelo Facebook e pelo Linked In, plataformas nas quais eu dou informações mínimas sobre quem sou e o que faço. Jamais tive problemas com isso, tampouco tenho nada a esconder.
Pago minhas contas e não devo coisa alguma a ninguém. Portanto, tenho orgulho do que sou, sobretudo da minha carreira.
Só que esse blog ultrapassa as fronteiras do jornalismo: entra no campo da fofoca, do tiroteio político, que, pelo jeito, é somente a isso que se presta. Pretende formar opinião quando não tem, a não ser convicção encomendada de que algo de podre acontece no MinC. Dá voz a grupos interessados na desestabilização de uma administração, que não pretendo julgar aqui. Esse espaço que me expôs publicamente faz uma velha e conhecida vigarice: vende soluções para problemas que somente ele enxerga.
A teoria, na prática, é bem diferente - já dizia Millôr, não por acaso irmão de Helio.
Dias atrás, um dos mantenedores desse blog fez contato com o MinC querendo saber se haveria alguma manifestação sobre uma matéria que publicara, de um conhecido jornalista quer atua no único jornal que faz oposição explícita ao governo federal. Quem acompanha minimamente os movimentos da imprensa e, sobretudo, da cultura, sabe de quem estou falando. Não cito nomes porque, já disse, não vou servir de escada para quem quer que seja.
Mas o tal blog queria que o MinC se pronunciasse. O "jornalista" (com todas as aspas possíveis e imaginaveis aqui) me cobrou uma posição do Ministério, que era a de simplesmente não comentar algo publicado num blog. É uma postura, não ditada por mim, mas legítima, profissional, não dar resposta. Um ministério responde a quem quiser, elege quem replicar. É um direito, concordem ou não. As pessoas têm de aprender isso.
O tal "jornalista", porém, deve ter ficado decepcionado com o que ouviu e resolveu colocar o lacônico diálogo entre eu e ele no blog que mantém. Pura "encheção de linguiça", já que minha afirmação não contribui minimamente para esclarecer coisa alguma. Trata-se de uma reles exposição de uma pessoa que simplesmente cumpriu sua função.
Jornalismo brasileiro volta aos tempos das máquinas em matéria de isenção
Um diálogo formal, seco e educado da minha parte, somente expõe a tolice do responsável pelo blog. Ele aproveita uma conversa (?) de menos de 10 segundos como plataforma para enfileirar uma série de impressões e conceitos sobre clareza e compromisso público.
O que vem a seguir ao meu "diálogo", não passa de uma um artiguete sobre a gestão atual do MinC. Um texto próprio de jornalzinho de diretório acadêmico, que somente coleciona fatos fartamente conhecidos e vem repleto de opiniões. O chamada "isenção jornalística" é morta a pauladas, algo próprio de quem teve pequeníssima (para dizer nenhuma) convivência em redações. E que deve ter sido expelido por óbvia falta de competência. Ou de equilíbrio.
Neste pouco tempo que estou trabalhando para o governo, vejo a que ponto o jornalismo tem descido. Deparo-me com matérias tendenciosas, desinformativas, partidárias. E não somente em blogs, mas em grandes veículos, que abrem espaço para que profissionais desçam na escala evolutiva ao fazerem um jogo semelhante àquele que se fez nos primórdios do jornalismo brasileiro. Tempos de boletins e panfletos que ao menos tinham o mérito de confessarem em nome de quem era a posição que assumiam.
Falta essa honestidade intelectual a blogueiros que acham que jornalismo é expor peixes pequenos como cardeais de uma contenda política. Deviam ter um pouco mais de caráter e manterem o devido distanciamento. A internet é um grande bem difusor de informação, que hoje nem sempre é feita por gente gabaritada. A maior parte, porém, não se diz jornalista. Desses entendo o rol de teses precipitadas e rasas, quando não incompletas, que defendem. Tenho até pena de tamanha ignorância.
Mas quem se diz "jornalista" não pode ter a mesma postura. Isso se quiser ser classificado sem aspas.


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