quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Desalento carioca

Sérgio Cabral é um choramingas. Herdeiro da tradição dos péssimos políticos, sobretudo os fluminenses, abriu a boca para falar chorrilhos de bobagens sobre a redivisão dos royalties do petróleo. A mais recente é que, com o projeto aprovado no Congresso, a Copa e a Olimpíada estão ameaçados.

Claro que é mentira, evidentemente que isso não tem a menor conexão com a realidade. Os dois eventos envolvem tanto dinheiro, tantos patrocinadores, que é absolutamente impossível não saírem. O Estado do Rio, assim como o Espírito Santo, não é proprietário de um patromônio legítimo de todas as 27 unidades da Federação. Tal como o Cristo Redentor, que pertence ao Brasil; ou melhor, à humanidade.

Se a exploração de petróleo se circunscrevesse ao território dos dois estados, podia ser que Cabral tivesse alguma razão. Mas não. Pelo contrário, ultrapassa as fronteiras do Rio e do Espírito Santo, por terra e por mar.

O que Cabral não quer perder é o dinheiro fácil, facílimo. Um dinheiro que irrigou cofres particulares, que nada têm a ver com o interesse público. Os royalties e os recursos do petróleo fizeram de municípios miseráveis e mal administrados municípios ricos e mal administrados. Quanto mais dinheiro, mais roubalheira. São prefeitos nababos, secretários riquíssimos e vereadores com patrimônio de xeque árabe.

Essa turma se acostumou, por décadas, a sugar o erário, fazer de tais recursos - que deveriam reverter em saúde, educação, segurança - poupança particular. Cabral precisa dessa gente para continuar dando as cartas dentro do PMDB e, principalmente, emplacar seu vice-governador na sucessão do Palácio Guanabara.

Se os royalties tivessem sido minimamente investidos em favor da população, o Estado do Rio estaria com boa parte dos seus problemas sociais equacionados. Não é o que se vê, sobretudo quando o assunto é segurança pública. Não se compreende porque, com os cofres cheios, o descalabro grassou.

Mas isto, justiça seja feita, não é uma exclusividade da gestão de Cabral. De Garotinho a Rosinha, passando por Moreira Franco, Marcello Alencar e Leonel Brizola, o dinheiro do petróleo sempre jorrou. São décadas de má aplicação de recursos.

Por isso, não se justifica o choro do governador. Se com tanto dinheiro não conseguiu fazer nada que prestasse, pode ser que com menos recursos seja realmente obrigado a administrar, a mostrar que o cheque pode render.

Será o fim da farra do enriquecimento fácil, sobre o qual muitos se calaram nas últimas décadas. Gente que não tinha coisa alguma agora é dona de fazendas, tem um patrimônio de fazer inveja aos antigos marajás indianos.

Dilma: não vete! Divida o dinheiro por todos os estados, acabe com essa fábrica de corruptos que o Rio de Janeiro se tornou por causa de recursos que irrigaram inúmeros patrimônios. Deixe o Cabral chorar o quanto quiser, de preferência no ombro do Renato Casagrande.

Quem pede é um carioca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário