segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Moe, Larry e Curly

Nesse começo de ano, em que as instituições ainda funcionam à meia-boca, recomendo a leitura do Manual do Idiota Latino-Americano. É um guia estupendo sobre a esquerda que nos cerca, que anda fazendo filhotes inclusive na América Central. Foi escrito há alguns anos, mas é de uma atualidade formidável.
Cito-o por causa do falso câncer da presidente Cristina Kirchner. Lastimo que os argentinos, tão patriotas e sofridos, sejam governados por uma energúmena que conseguiu a reeleição. Sinal de que não é somente o brasileiro que não sabe votar, como vaticinou Pelé certa vez.
Para galvanizar a população em torno do governo - que segue célere para conquistar a adesão total do país à suas teses, já que conseguiu amordaçar uma imprensa com tradição combativa -, saiu-se com essa farsa. A explicação dos médicos para o episódio é de morrer de rir, salientando que a presidente se inseriu numa parcela mínima dos diagnósticos "falsos positivos". Me assusta quando profissionais da medicina ajustam um resultado à circunstância política.
Mas minhas gargalhadas e o troféu ridículo do ano somente poderiam ir para este que está se tornando o maior paspalho que as Américas já tiveram como governante: ele, Hugo Chávez, um boçal que durante alguns anos foi alimentado por uma diplomacia tosca, esculpida a canivete por Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimarães. Dias atrás, do alto da burrice congênita e adquirida que o caracterizam, o ditador venezuelano saiu-se com a seguinte piada: a CIA estaria inoculando um vírus causador do câncer entre os líderes sul-americanos como forma de não permitir que floresçam por aqui comandantes capazes de confrontar os Estados Unidos.
O pior é que Chávez falou isso sóbrio, sem estar inebriado pelos vapores etílicos. Achou estranho que Dilma, Lula, Cristina e ele mesmo tenham sido acometidos da doença mais ou menos no mesmo período.
Isso, claro, só pode ser um complô contra a independência e a soberania latino-americanas. Não, não era o Chaves, o Roberto Bolaños, aquele mexicano chato e sem graça - que se tornou cult entre nossos adolescentes porque lhes faltam herois de verdade, gente que os represente na rebeldia.
São esses os líderes sul-americanos, cujas declarações impressionam pelo tanto de falta de realidade que trazem no bojo. O Brasil teve figuras caricatas; talvez a maior delas ainda seja Jânio Quadros. Mas esses países se alternam entre o sinistro e o parvo. Desce um Hugo Banzer na Bolívia e sobe um Evo Morales;  um Carlos Andrés Peres é derrubado e surge um Hugo Chávez; um Jorge Rafael Videla é removido e pela Casa Rosada passa um Nestor Kirchner ou um Carlos Menem. Lula flertou com o ridículo, mas teve pejo de dar ouvidos a figuras com algum bom-senso.
Não se pode dizer que Dilma vá guardar distância regulamentar de figuras com essas; afinal, o Brasil depende de alguma forma dos seus vizinhos. Mas vejo como grande ponto positivo da presidente o fato de ter colocado um cordel impeditivo a Chávez, cuja presença constante no Brasil nos tempos de Lula jamais trouxe qualquer dividendo à nossa economia. Dilma e Cristina também se encontraram pouco, condição incomum entre Brasil e Argentina até 2010.
Há que se olhar para os lados, sim, mas há que se olhar principalmente para frente. E se o Brasil quer realmente confirmar sua condição de 6ª maior economia do mundo, deve mirar noutra direção. Para além dos patetas que nos cercam, que vão receber aquele baixinho do Irã - que pelo tamanho e pela vontade, mais parece vilão dos filmes do Austin Powers.  

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