quarta-feira, 8 de junho de 2011

Menos elogios, por favor

Gosto de ver o dia seguinte das ressacas governamentais. Hoje, vários são os analistas que se arriscam em opiniões semi-óbvias, como se tivessem previsto há meses que o governo Dilma tem uma questão moral séria para resolver. Quando Palocci e outros egressos do time de Lula assumiram postos importantes na atual gestão, a única coisa que lembraram é que mudou o treinador, mas o clube continua quase o mesmo. Palocci mesmo foi citado pelo episódio Francenildo. E ponto final. Ninguém se atreveu, por causa da lua de mel, a afirmar que poderia ser um foco de problemas.
Ele não é o único. Edison Lobão tem uma família complicada, com negócios no Maranhão que só não vêm à tona por causa da defesa que lhe faz o senador Sarney. Fernando Haddad passou por um vendaval na educação e a série de reportagens exibidas, dias atrás, pelo Jornal Nacional, acertam-no em cheio. Alexandre Padilha ainda não começou a apanhar duro por causa da Saúde, que é um verdadeiro caos. Enfim, o elenco de Lula herdado (?) por Dilma ainda pode ser um rabo de foguete daqueles bem compridos.
A chegada de Gleisi Hoffman à Casa Civil também deve ser vista com reservas. Afinal, marido e mulher estão no primeiro escalão do governo. E têm pretensões políticas no Paraná. Ano que vem tem uma eleição na qual eles certamente vão jogar pesado. Gleisi mesma tentou a prefeitura de Curitiba e não se deu bem. Quem sabe vai agora, turbinada por uma passagem pela Casa Civil? Ou então, lança alguém, que igualmente será turbinado pela pasta que dirige. Isso sem contar a do marido, Paulo Bernardo, ministro das Comunicações.
Quando a briga política paroquial começar a esquentar, algo vai sobrar para o casal de ministros. O PMDB deve ter visto com alguma reserva a senadora ascender à Casa Civil. Afinal, não creio que o senador Roberto Requião tenha desistido de dar as cartas no seu terreiro. E não apenas ele. O PSDB de Beto Richa também deve estar preocupado com a dupla Gleisi-Paulo Bernardo.
Sobre a atuação dela no ministério, será um braço de Dilma, que está mais interessa em tocar projetos do que negociar política. Pode ser que Gleisi assuma essa tarefa também, pois parece ser jeitosa. Sem contar que, nesse primeiro momento, vai contar com a boa vontade dos seus interlocutores. Depois, pegando o jeito, segue em frente.
O certo é que Luiz Sérgio, como interlocutor político, parece carta fora do baralho. Todos se perguntam o que ele faz ali e, nem mesmo nessa troca, houve a mínima menção de que assumirá parte do trabalho de Palocci. Conforme a senadora disse ontem, na primeira entrevista, na qual confirmou que fora chamada (e aceitara) para a Casa Civil, o contato com o Congresso será incumbência dela também. O que Luiz Sérgio fará a partir daí é uma incógnita, mas, pelo jeito, Dilma não está muito preocupada em decifrá-la.

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