terça-feira, 29 de novembro de 2011

Meus 10 mais

Adoro essas listas de 10 mais. Há quem diga que faça análises para justificar seus escolhidos, mas não creio que seja nada disso. As coisas se baseiam em gosto, puro e simples. Sobre discos, por exemplo: há quem diga que pegou tal LP porque foi influente, porque mudou isso ou aquilo. Acho a maior conversa fiada. Pegou porque gosta, ora. Mas confessar isso é complicado.
Poucos sabem que toco bateria. Tenho na minha casa um instrumento profissional, daqueles que muitos que vivem da música talvez gostassem de ter. Montei-o ao longo dos anos e considero que, agora, estou com o kit ideal. Não vale à pena descrevê-lo, mas entro nesse assunto para fazer minha lista dos 10 maiores bateristas de todos os tempos.
Não vai aqui qualquer daquelas cascatas sobre influência sobre os demais, importância para a música etc. Entra aqui o gosto, a impressão de tê-los ouvido pela primeira vez, o quanto tenho deles na minha coleção de discos, seja em LP ou em CD. É pura "gostologia". Se fizerem parte de outras listas de 10 mais baseadas em profundas análises, em estudos musiciais e antropológicos, para mim pouco importa - é mera coincidência. Minha escolha é por predileção, nada mais.
Mesmo porque, esse blog é meu e ponho aqui quem eu quiser. Em tempo: a ordem não quer dizer que fulano é primeiro e sicrano é último. São apenas 10 nomes e pouco importa a posição deles no ranking, que, nesse caso aqui, não existe.

John Bonham - Ouvi-o pela primeira vez no Presence, meu primeiro de todos os discos e um dos últimos do Led Zeppelin. Nem preciso ficar versando aqui sobre a técnica do cara. Não acho, porém, que seus solos sejam de tirar o chapéu, mas, no conjunto da banda, é insubstituível. Gosto imensamente do seu trabalho de estúdio e, principalmente, sua criatividade. O fato de tocar alto tornou-se uma marca porque simplesmente a bateria era muitíssimo bem equalizada.

Ian Paice - O que me chamou a atenção desse cara é que comecei a tocar bateria por causa dele. Seu solo no Made in Europe continua sendo, para mim, grandioso e me levou ao curso. Paicey constumava se superar nas apresentações, pois no estúdio, para mim, avaliando hoje e desapaixonadamente, era correto. Nada muito avançado, embora de extremo bom gosto e apurada técnica. Tendo a achar que, nos últimos anos, tornou-se preguiçoso, perdendo boa parte daquela exuberância dos primeiros tempos do Deep Purple. Não vejo sua passagem pelo Whitesnake ou com Gary Moore como pontos altos, tampouco com essa encarnação mais recente do Purple.

Tommy Aldridge - Foi o cara que influênciou 10 entre 10 bateristas que se metem a tocar com os dois pés. Seu trabalho com dois bumbos é insuperável até hoje. Seus solos são formidáveis, espetaculares. Desde os tempos do Black Oak Arkansas sua forma de tocar chama a atenção. Foi ouvindo-o que aprendi a "matar", no tempo e no tempo adiantado, o som do prato. Tenho um show gravado com a banda em que eu tocava (meu irmão foi o cinegrafista) em que uso e abuso desse recurso. Não é nada tão difícil, mas impressiona. Quanto mais não seja, porque é algo que poucos utilizam.

Billy Cobham - Quando ouvi Spectrum, seu primeiro álbum-solo, pela primeira vez, o que me impressionou é que o cara transita na linguagem do jazz e do rock com a mesma facilidade. Também foi o primeiro cara que vi tocando "aberto", ou seja, os pés na posição de destro e os braços, na de canhoto. Prova que começou como auto-didata, aproveitando a posição que lhe parecia mais fácil. Foi o primeiro batera também que vi compondo. Seus discos, vários, comprovam que percussão não é algo menor. Além disso, me impressionou pelos solos, sempre abertos e variados, utilizando todos os (vários) elementos do seu instrumento.

Neil Peart - Comecei com esse cara ouvindo o 2112, que arrebentou no Brasil. Foi o primeiro disco do Rush com o qual tive contato. Depois, na casa do meu camarada Velório (já falei dele aqui), conheci os demais. Muita gente falava de Carl Palmer, mas acho Neil, desses bateras que "vestem" a bateria, o mais impressionante de todos. Pela técnica, pelo bom gosto, por ser o responsável direto pelas mudanças do Rush de disco para disco. Imaginem se o batera ainda fosse o John  Rutsey, do primeiro disco? A banda não tinha ido tão longe. Além disso, se você escuta caras como Mike Portnoy ou Vinnie Paul, escuta por causa de Neil.

Tony Williams - Esse entrou na minha vida quando eu já estava mais maduro. Quando escutei suas conduções com Miles Davis, disse: esse cara quebra tudo. Simplesmente não seguem um padrão normal. Tony conjuga tão maravilhosamente bem todos os elementos com uma bateria mínima, que a gente chega a ter inveja dele. Gravou poucos discos-solos, todos de ótima categoria. Brinca com o jazz e com o rock com tranquilidade semelhante a de Billy Cobhan, mas acho que, na primeira seara, Tony está além, enquanto Billy fica num patamar acima na segunda. Além disso, Tony não tinha medo de descer a mão, ouvir pratos e tambores em toda sua exuberância. Técnica é muito legal, mas paixão pelo instrumento é mais bonito ainda.

Buddy Rich - É um verdadeiro motor de big-bands. Não chega a ser um condutor criativo, que se afasta do convencional, mas, quando entra no solo, aí temos que prestar atenção. Seu domínio do instrumento é simplesmente perfeito. Sabe exatamente onde cada tambor ou prato está; não dá uma única baquetada nos aros ou chega nos pratos erradamente. Impressionante. Tenho vários dos seus discos-solo, pilotando grandes bandas. Acho que passou por um período de menosprezo porque os críticos e entendidos achavam que somente os bateristas negros eram grandes. Imensa bobagem; Buddy tem um disco com Max Roach que mostra que esse torço de cor é uma monumental idiotice. E se caras como Elvin Jones, Philly Joe Jones, Max, Gene Krupa, Shelly Manne, Jack DeJohnette, Roy Brooks e outros monstros do jazz não entram aqui, é porque considero que Buddy os representa com maestria.

Deen Castronovo - É, para mim, o discípulo mais aplicado de Tommy Aldridge. É rápido, tem uma técnica brutal, toca maravilhosamente com dois bumbos e vai nas mais distintas direções. É capaz de ser pesado com Marty Friedman e o GZR, e chegar ao heavy pop do Bad English e do Journey com a mesma tranquilidade.

Cozy Powell - Ouvi esse cara pela primeira vez na mostruosa abertura de Stargazer, do Rising, segundo álbum do Rainbow. Impressionante aquela combinação de caixa com os dois bumbos, que até hoje tento imitar e não consigo (pelo menos com a mesma perfeição). Quando deixou a companhia de Ritchie Blackmore, todos pareceram tê-lo descoberto. Está no primeiro disco de Robert Plant, Pictures at eleven, e rolou até o papo de que entraria na vaga deixada por John Bonham, no Zeppelin. Depois tocou com Michael Schenker, Black Sabbath, Gary Moore, Greg Lake & Keith Emerson, Whitesnake... A lista é imensa e prova como Cozy foi um dos maiores bateristas "on demand" dos anos 80/90, no rock. Antes disso tudo, fizera dois excelentes discos com o Jeff Beck Group. Morreu bestamente, por causa da paixão que tinha pela velocidade. Impressionava também seu kit de bateria, com aqueles bumbões de 26 polegadas, fosse com a Ludwig ou com a Yamaha. Um dos caras de que mais gosto.

David Garibaldi - Soul music é com ele. Claro que ele escutou tudo de Jabbo Sparks ou Ziggy Modeliste, da banda de James Brown, mas David elevou isso à 10ª potência. Os arranjos da Tower of Power são verdadeiros desafios, cumpridos por ele com uma precisão que parece serem fáceis aquelas paradas, pausas, atrasadas ou adiantadas no ritmo. O toque seco de David, com filigranas que deixam clara sua imensa técnica, é como peça de fina relojoaria.

Um comentário:

  1. Faça um segundo tempo com:

    Carmine Apice
    Steve Smith
    Dave Weckl
    Simon Phillips
    Dennis Chambers
    Kiko Freitas...

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