quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A culpa maior é de quem escolhe

A demissão de Pedro Novais do Ministério do Turismo expõe uma face dramática do governo Dilma: como são ruins seus auxiliares. Quem não caiu de podre - e já não importa aqui se alguns personagens foram ou não herdados de Lula -, saiu por postura incompatível com o cargo. Sem contar aqueles que balançaram, seja por abusar nas diárias, seja por irrigar currais eleitorais, ou mesmo quem simplesmente trocou de lugar por absoluta inépcia, impressiona a reforma ministerial que a presidente foi obrigada a fazer pela má qualidade da equipe que montou.
Isso dá um desalento que faz pensar no seguinte: se esses eram ruins, imaginem aqueles que virão para substituí-los. Claro, se fossem figuras de valor, já teriam sido lembrados antes. Não me ocorre uma reforma do primeiro escalão feita por causa da incompetência na escolha e pela incapacidade de vários ministros andarem em linha reta. Sabe-se de reformas que são realizadas porque os titulares dos ministérios têm pretensões políticas, seja ao Legislativo, seja ao Executivo, ou até mesmo para assumirem outros cargos - como o Tribunal de Contas da União. Mas porque foram flagrados em postura vergonhosa, se servindo do erário, é a primeira vez, caso a memória não esteja me traindo.
A saída de Pedrinho - permitam-me chamá-lo assim, seja pela estatura física, seja pela moral - já era cantada em verso e prosa há tempos. Desde que a Polícia Federal descobriu a roubalheira que corria sob suas barbas, vinha cambaleando - embora, nesse episódio, tivesse uma desculpa: boa parte da bandalheira aconteceu na gestão do seu antecessor, chegadíssimo à senadora Marta Suplicy (PT-SP), que até se escondeu no banheiro para não enfrentar os repórteres e dar explicações sobre o caso.
Só que Pedrinho é um incorrigível. A Folha de S.Paulo mostrou que ele não coçava o bolso para pagar a governanta, tampouco o chofer que servia à madame mulher do ministro. Ou seja, um predador dos cofres públicos, desses que se puderem empurrar para o contribuinte a conta do motelzinho com as mariposas, empurra. Talvez por inspiração de seu mestre e mentor, o senador José Sarney, que há anos privatizou o Maranhão, tornando-o uma enorme e paupérrima propriedade particular.
Pedrinho já era ruim desde a indicação, que foi disputada com faca nos dentes e sangue nos olhos pelo PMDB. Quando o senador Gim Argello (PTB-DF) afirmou, ao Jornal de Brasília - eu estava lá e editei a matéria -, que o Ministério do Turismo seria do seu partido, o que se viu foi uma sessão de pancadas que o obrigaram a se recolher com o rabo entre as pernas. Não que Argello ou o PTB não tivessem merecido, mas porque, no jogo pesado da política, o PMDB queria abocanhar uma pasta altamente irrigada por causa da Copa e da Olimpíada.
A indicação, inclusive, demorou. Até que surgiu esse Pedrinho, tirado do bolso do colete pelo senador Sarney. Deputado veterano, mas do baixo clero, era figura inexpressiva e manteve-se assim mesmo depois que tornou-se titular de um ministério que poderia catapultá-lo. Mas gestão não é o forte do ex-ministro, a não ser quando estão em jogo as finanças próprias. Aí ele se mostra um mestre na arte de explorar o que é de todos.
Some-se a isso o fato que a presidente o recebeu uma única vez. Maior sinal de desprestígio, impossível. Mas, nesse caso, a culpa também é de Dilma, que de nariz tapado o aceitou por injunções políticas. Sabia que Pedrinho era ruim, que era do tipo de empurrar conta de motel para o erário, mas, mesmo assim, o colocou no ministério e tirou ao lado dele a foto oficial.
A culpa maior é sempre de quem escolhe. Ou Dilma vai entoar aquela que se tornou a oração-mor do cinismo? - que não sabia de nada. 

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