quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Sons para se ouvir no carro I

Sei que tenho andado negligente com meus poucos leitores (sei apenas de dois amigos, Jorge Eduardo e Lobão - não o músico, mas o jornalista e crítico de cinema aqui de BSB), mas, para preencher esta lacuna, vou criar uma seção. Como músico frustrado e fã incondicional dos mais variados sons, não me furto a falar de música, seja em que ambiente for. Assim, copiando descaradamente uma parte do site do cantor Richie, está estabelecido a partir deste momento o SONS PARA SE OUVIR NO CARRO.
Vou começar com o que estou escutando neste momento (tá bem, não exatamente neste momento, pois estou na frente do computador digitando estas linhas) no meu super Chevy Vectra: Badlands. Ouço os CDs "Voodoo highway" e "Dusk". Tenho também o primeiro, somente "Badlands", que está guardadinho em casa.
"Voodoo hwy" não é um grande disco, mas não é de se jogar às feras. Nem sei exatamente se é inferior ao disco de estreia da banda, mas superior certamente não é. Explico: quando o Badlands apareceu, chegou com a pecha de supergrupo. Jake E. Lee (ex-Ozzy Osbourne), Ray Gillen (ex-Black Sabbath, embora não oficialmente), Eric Singer (ex-Sabbath e futuramente no Kiss) e Greg Chaisson formavam um quarteto altamente influenciado pelo Led Zeppelin. Se Gillen pudesse, apertava um botão e virava Robert Plant.
Essa reunião de músicos com currículo certamente dispersou a atenção para a música, que, ouvindo hoje, não chega a ser brilhante. É boa, apenas. No "Voodoo hwy", a fórmula permanece a mesma, embora o baterista seja outro - o muito bom Jeff Martin. Os toques de blues e até mesmo uma versão de "Fire & Rain", de James Taylor, não foram suficientes para salvar o disco, que naufragou. Depois do primeiro, que foi um baita sucesso, não se esperava tal decepção.
A partir daí a aura de supergrupo se desfez. Afinal, todos os assim classificados têm a obrigação de fazer gols de placa. Não foi o caso e a banda foi para o saco. O contrato com a Atlantic (via Titanium Records) foi devidamente cancelado. E cada um foi para seu lado.
"Dusk" é um terceiro disco que jamais foi lançado em grande circuito. As gravações já estavam prontas e mixadas, quando o Badlands ficou sem contrato. O disco foi engavetado até que Chaisson resolvesse tirá-lo da prateleira para editá-lo por uma pequena gravadora europeia. É um CD que somente os aficcionados têm, mas entra tranquilamente na lista dos dispensáveis. Em tempo: a sonoridade é a mesma de "Badlands" e "Voodoo hwy", sem tirar nem pôr. Inclusive, tem uma bela canção, "Sun red sun", que daria nome a um fracassado projeto que Gillen se envolveria em seguida. "Dusk" terminou sendo uma homenagem a Gillen, que não muito tempo depois morreria de Aids.
Resumo da ópera: são bons trabalhos, mas nada que vá mudar sua vida. Se você os tiver, ótimo; se não, ótimo também. São bem executados, mas sem muita inspiração. Dão a impressão que você já ouviu aquilo, anos antes e de forma mais brilhante, num disco de sobras do Zeppelin. Isso se o Zeppelin não tivesse legado sobras sensacionais, como "Physical graffiti" e "Coda".

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