quinta-feira, 14 de julho de 2011

Alguém aposta na cassação?

Do site da Câmara dos Deputados.
"A deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) desistiu do recurso feito à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) contra o pedido de cassação aprovado pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar no começo de junho. O pedido de desistência foi protocolado no início da tarde no colegiado. O processo segue agora para votação no Plenário da Câmara.
"Após protocolar o pedido de desistência do recurso na CCJ, Jaqueline Roriz enviou uma carta ao presidente da Câmara,  Marco Maia, em que ela afirma ter interesse na “celeridade no andamento do processo”. Segundo a deputada, com a desistência ela busca evitar "novos e inevitáveis constrangimentos".
"O deputado Vilson Covatti (PP-RS), designado relator na CCJ, já havia emitido parecer ontem sugerindo o fim do processo de cassação. O argumento, apresentado desde o início da defesa da deputada, é de que as denúncias referem-se a fatos anteriores ao início do mandato na Câmara.
"Jaqueline e seu marido, Manoel Neto, foram filmados em 2006, quando ela era candidata a deputada distrital, recebendo dinheiro de Durval Barbosa, operador e delator do esquema de corrupção conhecido como 'mensalão do DEM'.
"A relatoria de Covatti na CCJ havia sido questionada pelo PSOL, já que o deputado, que também integra o Conselho de Ética, já havia votado em favor de Jaqueline Roriz. O parecer pela cassação de Jaqueline foi aprovado no Conselho de Ética por 11 votos favoráveis e 3 contrários, um de Covatti. O questionamento estava sendo analisado por Marco Maia."
Estará chegando ao fim uma das grandes dinastias políticas do País, que, como toda dinastia, se envolveu nos mais rumorosos casos de corrupção de que se tem notícia? O pai, Joaquim, foi abatido ano passado pela Lei da Ficha Limpa e tentou inventar a mulher, a bisonha Weslian, como candidata. A distrital recém-eleita Liliane não tem estofo para segurar o estandarte dos Roriz e tentar voos mais altos. O ex-governador Rogério Rosso, que deu apoio a Joaquim e depois Weslian, trocou o PMDB pelo PSD de Gilberto Kassab, partido que não tem rosto definido mas que sente-se atraído pelo governismo petista. Celina Leão, ex-chefe de gabinete de Jaqueline, encontra-se na mesma posição de Liliane, embora apresente mais combatividade justamente porque não leva o sobrenome Roriz.
Apenas enumerei esses problemas envolvendo a família que, um dia, acreditou que poderia fazer de Brasília uma continuação de Luziânia. Mas não quis dizer que acabaram. Se Jaqueline evitou que impetrar mais um recurso é porque, no plenário, tudo pode acontecer. Há uma malta de parlamentares que tentam se segurar o mais possível nos mandatos, como forma de não responderem por crimes cometidos antes do mandato. Embora o presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo, tenha observado que cada caso e um caso, a porteira estará aberta. E é justamente nesse corporativismo que Jaqueline está apostando.
O outro lado dessa moeda é que a base aliada do governo federal conta com PT e PMDB, partidos que estão no poder no Distrito Federal. Agnelo Queiroz é petista, Tadeu Filippelli é peemedebista. A eles não interessa qualquer sopro de ressurreição dos Roriz. Não demora muito, 2014 está aí e evidentemente que a chapa vitoriosa ano passado vai querer a reeleição. E 2018 a coisa pode se inverter, com o PMDB na cabeça e o PT dando o vice mas isso está longe demais. Sem contar que, em 2012, haverá eleições municipais e o GDF tem interesse em fazer no Entorno uma boa quantidade de prefeituras, diminuindo a influência dos Roriz.
Apostar no plenário é um jogo arriscado para Jaqueline, mas certamente ela sabe o que está fazendo. E isso deveria preocupar aqueles que querem vê-la cassada.

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