terça-feira, 12 de julho de 2011

Bandeira branca

Não era tão difícil assim prever que Luiz Antônio Pagot nada falaria na audiência do Senado. E se nada falou no Senado, são grandes as chances de manter a mesma postura na Câmara, amanhã. E por que não falou? Porque o governo não engoliu os blefes do PR. Pela primeira vez, em muito tempo, se vê um presidente da República enfrentar um partido que quis colocá-lo contra a parede. Num passado não tão distante assim, Valdemar Costa Neto e seus agentes teriam ganhado a queda de braço.
Dilma mostrou que o pretenso jogo pesado do PR não funcionaria. Ela insistiu que ou Paulo Sérgio Passos assumiria o Ministério dos Transportes ou quem a legenda indicasse ficaria isolado na cúpula, sem poder fazer os auxiliares. O único erro da presidente foi não ter colocado essa corja para fora antes, pois, como devia obrigações ao ex-presidente Lula, decidiu mantê-la. Mas assim que pode e houve argumento, Dilma tocou-a pela porta dos fundos a vassouradas.
O senador Blairo Maggi não aceitou a vaga não somente porque tem telhado de vidro, negócios com o governo etc. Não aceitou porque ficaria como a Rainha da Inglaterra, ou seja, manda, mas não governa. Quem governaria seria Dilma e sua gente. A presidente, inclusive, mostrou que cansou de cozinhar o galo ao efetivar Paulo Passos como ministro. Sinalizou que o PR continuava à frente do Ministério dos Transportes, mas não seria o PR de Valdemar e Alfredo Nascimento - seria o “seu” PR. Agora, Paulinho – como a presidente o chama – pode fazer seus auxiliares, inclusive os novos presidentes do DNIT e da Valec.
O governo também agiu com velocidade quando o partido tentou trazer o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) para brigar na rua. No domingo, ele concedeu entrevista a’O Globo, mostrando que as insinuações que vinham fazendo Pagot, Blairo e o PR não passavam de blefe. Ou seja, respondeu rápido e enfaticamente e jogou no colo deles o ônus da prova.
Dessa ópera, o resumo é que Pagot chegou ao depoimento de hoje no Senado sem ter muito o que dizer. O pessoal da oposição até que tentou, mas ficou evidente pela exposição de motivos que fez antes de responder às perguntas dos senadores que a montanha iria parir um rato. O que o PR faz agora é recolher os cacos para não perder mais espaço.
Isso quer dizer o seguinte: o partido vai engolir em seco a colocação de Paulo Passos como ministro e, de cara alegre, considerá-lo “do partido”. Havia até mesmo alguns senadores – como Magno Malta (ES) – que já trabalhavam com essa hipótese, sinal de que o PR estava pronto para estender a bandeira branca. Dilma conseguiu o que queria: que Valdemar Costa Neto e sua gente tivessem a entrada vetada no prédio do Ministério.
O outro lado dessa moeda é o seguinte: se algo de errado acontecer durante a gestão de Paulinho, o escândalo subirá a rampa do Palácio do Planalto com uma velocidade impressionante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário