segunda-feira, 11 de julho de 2011

Vejam só que injustiça

O senador Eunício Oliveira tentou explicar que não influiu para que sua empresa, a Manchester, obtivesse mais num contrato milionário com a Petrobras, conforme denunciou o jornal O Estado de São Paulo no final de semana. Alegou que está afastado do comando dos negócios da empresa desde 1998. E isso, realmente, tem imensa importância.
A situação de Eunício é semelhante à do filho do ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. O menino é um gênio das finanças, pois conseguiu multiplicar o patrimônio de sua empresa em mais de 86 mil por cento. O fato de isso ter ocorrido durante a gestão do pai à frente de uma das pastas mais irrigadas do governo, certamente é uma dessas constrangedoras coincidências. Afinal, não foi Mozart que compôs a primeira obra com quatro anos de idade? Por que, então, o filho do ministro não pode ser um desses foras-de-série?
A Manchester evidentemente mostrou que é uma empresa capaz de fazer negócios longe da esfera de influência de seu dono. É de reconhecida competência, que, aliás, ofereceu o menor preço porque tem condições de executá-lo. Sobre a relação de concorrentes, que, segundo a reportagem, a empresa soube antes e com eles tentou fazer acordo, trata-se de uma denúncia sem sentido de uma firma (a Seebla) que não soube perder o certame.
Mas que Eunício e o diretor da área da Petrobras incumbido de realizar o processo nada sabiam, lá isso é a mais pura verdade.
O que me espanta é como esses homens são envolvidos em malfeitos sem que não tenham nada a ver com o pato. Trata-se de uma leviandade, é claro. O senador é um empresário competente, cujas conexões com o governo não passam pelo fato de que é casado com a filha do ex-embaixador do Brasil em Portugal, Paes de Andrade – também ex-presidente da Câmara dos Deputados. Também não tem nada a ver com o fato de que Eunício já foi presidente do PMDB no Ceará e é um dos principais caciques do partido. Menos ainda o fato de ter sido, quando deputado federal, vice-líder do partido. Tampouco ter ocupado a relatoria da área de infra-estrutura na Comissão Mista do Orçamento. Um império que passa longe de qualquer conexão política ou com governos.
O grande problema é que tornou-se pecado, no Brasil, ser parlamentar e empresário ao mesmo tempo. Paira sempre a suspeita de que o sujeito trafica influência, o que é uma rematada injustiça. Veja o também senador Blairo Maggi: teve a dignidade de não aceitar substituir o correligionário Alfredo Nascimento no Ministério dos Transportes. Claro, tem vários negócios no governo e seria extremamente antiético. Muito justo, muito correto. Seus negócios também não foram turbinados por suas conexões com o ex-presidente Lula, tampouco pelo fato de ter doado uma boa quantia para a campanha da presidente Dilma.
Está na hora de a imprensa brasileira ser mais responsável. Já derrubou um ministro – Antônio Palocci – pela mera suspeita de que enriqueceu vertiginosamente nos últimos meses, antes de assumir a Casa Civil de Dilma. Ele não fez absolutamente nada de errado e é muito correto que tenha mantido segredo sobre seus clientes, protegidos pela cláusula da confidencialidade.

PS – Claro que tudo isso é um deboche da minha parte e não acredito em uma única e escassa linha do que está escrito acima. Poderia ter sido escrito pela genial criação dos Cassetas, o Agamenon Mendes Pedreira. Mas existem alguns jornalistas aqui em Brasília, que de jornalistas não têm coisa alguma, que assinariam o texto acima endossando todas as palavras.

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