quarta-feira, 13 de julho de 2011

Mais gente na roda

O Ministério dos Transportes tem tudo para continuar no noticiário durante o recesso parlamentar, que efetivamente deve começar amanhã, depois da maratona de votações desta noite na Câmara. O fato de Paulo Sérgio Passos ter assumido o comando da pasta ameniza um pouco a insatisfação do PR – afinal, horas antes de ser designado para a função pela presidente, já havia senador do partido, como Magno Malta (ES), defendendo que fosse feita a vontade de Dilma. O foco agora é Hideraldo Caron, petista de quatro costados, saído da base do partido no Rio Grande do Sul e que está na Diretoria de Infraestrutra Rodoviária do DNIT desde 2003.
Seu nome já havia aparecido antes no noticiário, mas foi reforçado ontem, no depoimento de Luiz Antônio Pagot no Senado. O ex ou atual diretor do DNIT (foi afastado, mas pediu férias e, portanto, sua situação só se resolve quando se reapresentar) ressaltou que o órgão é um colegiado e que os aditamentos contratuais para obras nas estradas passam diretamente pelas mãos de Hideraldo.
Isso quer dizer que o PR pode até ter montado uma quadrilha dentro do Ministério, mas de alguma forma o representante do PT sabia o que se passava. E pode ser que não ficasse somente no conhecimento, na tolerância: pode ser que participasse. Mesmo porque, Hideraldo tem mancha no currículo, ao ter sido citado no relatório da Operação Castelo de Areia, desfechada pela Polícia Federal, em 2009. A acusação é a de que supostamente teria recebido propina da empreiteira Camargo Correia.
Segundo os relatórios da operação policial, um manuscrito sugere que Hideraldo e Luiz Munhoz Prosel Júnior, também do DNIT, teriam recebido propina de de R$ 74 mil após o acréscimo de R$ 80 milhões nas obras da rodovia BR-101 no Nordeste.
O petista também aparece num diálogo gravado pelos federais, dessa vez relacionado à BR-402. Na conversa, o dono da notória construtora Gautama, Zuleido Veras, o aponta como responsável pela liberação de uma pavimentação asfáltica do interesse da máfia das obras. O empreiteiro teria relatado a um representante do governo do Maranhão a atuação "fundamental" de Hideraldo na aprovação da obra. O petista, porém, sustentou que não fez qualquer pressão ou ameaça aos colegas de diretoria para acelerar a aprovação do convênio.
Ou seja: com a vinda de um petista para a roda de escândalos do Ministério dos Transportes, é previsível que neste final de semana possa vir algo pela Veja, que desencadeou a derrubada da quadrilha que atuava na pasta. Quanto mais não seja, poderiam requentar a trajetória de Hideraldo e suas manchas no currículo. Algo bem do interesse do PR, pois mostraria que PT participava da bandalheira – por ação ou por omissão.

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